Sempre ouvimos falar que as pessoas só dão valor para as coisas depois que as perdem. E, realmente, muitas vezes é assim mesmo. Só enxergamos o real significado das coisas quando deixamos de as ter. Enquanto ainda as temos, parece que é “normal”, que não é nada de extraordinário, que “faz parte”, que está intrínseco.
Todavia, a dimensão exata da importância das pessoas e dos fatos em nossas vidas só conseguimos ter quando se vão. E, aí, pode ser tarde demais para tentar recuperá-las…
Imersos em medos sem fundamento, em ansiedades sem fim, em tarefas sem sentido ou, até mesmo, nas atividades cotidianas, acabamos por fechar nossos olhos (e nossos sentidos) para o essencial. Ficamos pensando em como resolver o comportamento do filho, em como conseguir comprar aquele carro novo, em como emagrecer uns quilinhos, em como o nosso emprego é chato, em como o nosso companheiro poderia ser mais dedicado, em como a vizinha é incomodativa e esquecemos de celebrar a vida.
Mesmo que realmente estejamos passando por problemas mais sérios, certamente temos muito a agradecer e a reverenciar – a existência e as oportunidades de crescimento, por exemplo – e acabamos perdendo um tempo precioso para ser feliz, focando apenas nas coisas negativas.
Nunca seremos plenos e felizes se esperarmos “que tudo se encaixe”, que os problemas vão embora, que a saúde esteja perfeita, que as pessoas ao nosso redor mudem, que o nosso emprego seja o dos sonhos, o nosso salário enorme e o nosso corpo perfeito.
É pouco provável que consigamos tudo isso ao mesmo tempo. E nem necessário é. A felicidade deve brotar do nosso interior e não estar atrelada a coisas externas. Ela deve, enfim, estar ligada ao mais simples – e mais essencial.
Todos temos inúmeros motivos para sermos gratos e aproveitarmos. Independentemente de tudo o que possa melhorar (que sempre vai existir), estamos vivos, o que, por si só, já é uma benção e uma grande oportunidade. Também devemos ter imensa gratidão se temos o que comer, se temos um lar, saúde suficiente para seguir em frente, um emprego ou alguém com quem contar.
Devemos enaltecer cada novo dia que temos para viver, a nossa resiliência diante das adversidades, a oportunidade de chutar o balde e começar tudo de novo, a consciência da grandiosidade da existência e a nossa sincera confiança num futuro melhor.
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Ademais, somos todos dotados da plena capacidade de amar. Amar a vida, a si mesmo, a divindade, os demais seres desse universo, o livre arbítrio, as chances e o que mais se sentir… O importante é que o amor realmente seja a nossa última intenção. Ele é o essencial, e sempre deve estar presente, seja de que forma for… Nascemos para senti-lo, vivenciá-lo e aprimorá-lo. Não podemos nos esquecer disso.
Se nos ativermos ao que falta, ao que pode ser diferente, ao que as pessoas podem mudar, a tudo o que pode ser melhor, falharemos, pois estaremos fugindo do essencial.
E é fundamental olharmos para nós mesmos, mergulhar fundo na experiência do autoconhecimento e desenvolver o amor mais puro e genuíno que brota do fundo do nosso coração.
Cada um por si, em primeiro lugar. E isso não é egoísmo. Isso é o mais grandioso que podemos fazer para contribuir com um mundo melhor… começar mudando o nosso próprio mundinho!
Precisamos, definitivamente, virar protagonistas da nossa própria história. Independentemente dos desdobramentos que a nossa vida teve até então, sempre é tempo de frear, acertar os ponteiros e alterar o rumo. Mudar o enfoque, acertar o ângulo de visão.
Ao adotarmos uma postura de permanente celebração, desabrocharemos para a vida. Ao contemplarmos todas as maravilhas que nos constituem e nos cercam, engrandeceremos. Ao oferecermos ao universo o nosso mais sincero e desinteressado amor, alcançaremos a totalidade.
Atentemos ao essencial. Enquanto ainda temos a oportunidade…