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Você se autossabota?

Antes de uma entrevista de trabalho importante, você aceita ir ao bar com os amigos? Você encara os elogios que te fazem sempre como uma estratégia para te pedirem um favor? Diante da possibilidade de crescer na carreira, você recua? Você utiliza do perfeccionismo para arquivar ou adiar projetos? Você se agarra a decepções para se fechar para novas relações amorosas? Você prioriza amigos mais ou menos em detrimento do seu melhor amigo? Quando você está num relacionamento amoroso harmonioso, você pisa na bola, criando oportunidades para conflitos desnecessários? Se grande parte das respostas acima for positiva, provavelmente você se autossabota.

Achamos que queremos ser felizes. Mas, quando a vida oferece oportunidades de crescimento pessoal e profissional, por medo de enfrentar novos desafios, acabamos, muitas vezes, nos boicotando com atitudes aparentemente despretensiosas e inocentes.

Vamos ao exemplo 1? Se tenho uma entrevista de trabalho, o natural é que descanse bastante para ela, com o objetivo de estar bem-disposto e apresentar o melhor resultado possível. Se aceito ir ao bar justamente na véspera da entrevista, estou criando brechas para o “azar”. Estou criando a possibilidade de acordar no dia seguinte de ressaca ou muito cansado por dormir poucas horas. Posso ainda perder a hora. Em suma: eu crio as condições para me sair mal e depois ficar lamentando que eu perdi uma boa oportunidade.

Vamos ao exemplo 2? Tudo bem que nem todos os elogios são sinceros. Tudo bem que muita gente elogia mesmo antes de pedir um favor. Por outro lado, muito elogios são verdadeiros. Quem se imagina sempre manipulado, não acredita nos próprios méritos. Não se enxerga como alguém digno de receber um elogio sincero.

Exemplo 3: Algumas pessoas vivem reclamando que não são valorizadas na empresa onde trabalham, mas quando surge a chance de receber uma promoção ou mudar de emprego, a pessoa se abestalha. Perde a data para enviar o currículo ou simplesmente não envia porque tem certeza de que não conseguirá a vaga.

Exemplo 4: Muitas pessoas se escondem atrás do perfeccionismo para não tentarem coisas novas. Elas respaldam a falta de ousadia para novas empreitadas com o argumento de que são perfeccionistas, de que ainda não estão prontas para executarem com a maior competência certas tarefas. Porém, nós nunca estamos totalmente preparados para nada. Estamos em constante aprendizado.

Leia Mais: Os 4 principais autossabotadores

Exemplo 5: O amor, ou melhor dizendo, o desamor pode nos ferir profundamente deixando buracos na alma. Por outro lado, usar como pretexto uma decepção amorosa para nunca mais se envolver com ninguém, talvez seja, uma das mais severas formas de autossabotagem.

Exemplo 6: temos amigos e amigos em nossa vida. Alguns são entre aspas e outros são para valer mesmo. Com alguns, a gente vai conseguir apenas compartilhar algumas cervejas geladas e umas risadas. Pessoas que colocam em pé de igualdade amigos sociais com amigos de verdade, para todas as horas, corre o risco de ficar sozinho quando precisar de um apoio moral ou qualquer outro tipo de ajuda.

Exemplo 7: Algumas pessoas custam a encontrar o amor, mas quando finalmente encontram e estão bem, criam armadilhas para estragar a relação, para roubar a paz e a harmonia. Podemos sabotar uma relação amorosa de muitas formas, entre elas, criticando excessivamente o parceiro, fazendo piadas bobas que o ridicularizam na frente de terceiros, desmarcando compromissos na última hora, provocando de alguma forma o ciúme do outro.

Os exemplos aqui apresentados são apenas uma amostra de tudo que podemos fazer para estragar relações felizes, desmerecer amizades verdadeiras, impedir nosso desenvolvimento profissional. Com o medo da perda, muitas pessoas preferem já abrir mão de quem e do que lhes faz feliz. Sabe aquele mecanismo da tragédia grega? Temos tanto medo de algo que caímos conquistando para nós justamente aquilo que nos provoca mais terror?

Sílvia Marques

Profa. doutora , idealizadora da Pós em Cinema do Complexo FMU, escritora e psicanalista. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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Sílvia Marques

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