Comportamento

A vida não precisa ser só trabalhar, pagar contas e morrer

A gente é muito cobrado o tempo todo.

O TEMPO TODO.

Tem que ir bem na prova, tem que passar de ano, tem que entrar numa faculdade boa, tem que fazer um curso renomado, arranjar um bom emprego, ter um bom currículo, ganhar mais que os seus amigos.

Eu, pessoalmente, nunca entendi essa pressão toda em arranjar um bom emprego aos 20 e tantos anos de idade.

A gente é ensinado que sucesso na vida é ter um cargo alto, numa empresa reconhecida, com vários subordinados. E a gente cresce acreditando fielmente nisso.

E daí se você vai se tornar uma pessoa depressiva, mega competitiva e materialista? Se você tá ganhando dinheiro é isso que importa, né?

Não.

A vida não deveria ser só estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e morrer. A gente não nasceu nesse mundo maravilhoso cheio de lugar diferente, pessoas singulares, comidas exóticas pra viver num escritório, todos os dias das 9h as 18h.

Leia mais: 5 perguntas para ajudar você a enxergar seu propósito de vida

Eu, por exemplo, me considero uma pessoa muito bem sucedida.

Nunca trabalhei em multinacional, pedi demissão de todas as empresas em que entrei e nunca ganhei nenhum salário de dar inveja. Mas me considero muito melhor sucedida do que todos os meus amigos de terno e gravata que recebem mais de 5 salários mínimos por mês.

Eu já pulei de paraquedas, já dei aula de inglês pra monges no interior da Índia, já fui pra países que a maioria das pessoas nunca nem ouviu falar, faço trabalho voluntário, já mochilei completamente sozinha sem direção, já morei em vários países, já fui roubada e fiquei sem dinheiro nenhum em outro continente sem ninguém pra me ajudar.

Leia mais: Decida pela liberdade!

Isso não conta como experiência? Isso não deveria ser perguntado em entrevistas de emprego?

Vocês não são os currículos de vocês. Vocês não são as empresas multinacionais que vocês trabalham. Vocês não são o salário que vocês ganham. Vocês são o que vocês vivem. As pessoas que vocês conhecem. Os livros que vocês lêem. Os lugares que vocês vão. As experiências que vocês têm.

Gente, vai trabalhar como garçonete, juntar dinheiro e viajar o mundo. Vai fazer trabalho voluntário. Vai escrever um livro, mesmo que não seja publicado. Lute por uma causa que você acredite, mesmo com o mundo inteiro te achando louca por isso (nessa eu sou profissional). Vai plantar uma árvore, sei lá.

Leia mais: Trabalho ou missão profissional?

Louco é quem, aos 20 e tantos anos, está preso no trânsito indo trabalhar. Vendo as mesmas pessoas. De frente pro mesmo computador.

Essa busca toda por sucesso profissional é pra que? Você realmente precisa de todo esse dinheiro que você ta ganhando?
O que vai te acrescentar na vida uns zeros a mais na conta do banco? Você se acha uma pessoa superior por ter estudado na GV, ou na Insper? Por trabalhar no Itaú?

E, a não ser que vocês tenham que ajudar financeiramente em casa, não digam que o problema é dinheiro. Como eu já falei em um outro texto que eu publiquei aqui, eu passei dois meses mochilando pela Ásia com o salário que eu ganhei em um ano de estágio. E ainda sobrou.

A gente não precisa de todos esses excessos que a gente acha que precisa.

Leia mais: Algumas pessoas nasceram para viajar e a culpa pode ser da genética. Você é assim?

Chegamos aos 60 anos. Ricos. Morando no jardins. Com um apartamento de 300m². Com faxineira todos os dias para lavar nossa louça e estender nossas camas. Com o carro do ano. Com filhos nas aulas de inglês, alemão e espanhol. Achando que todo o nosso propósito na vida foi alcançado.

Mas chegamos infelizes. Depressivos.

Realização pra mim não é dinheiro. Realização são histórias pra contar. Realização é sentar num bar com amigos e beber uma breja gelada, sem me preocupar no trabalho que eu deixei de fazer hoje porque eu tava sobrecarregado e não sobrou tempo.

Vão atrás do que faz o coração de vocês vibrar. A gente é muito novo pra se preocupar com aposentadoria e hipoteca.

Leia mais: WANDERLUST: Essa vontade louca de partir para qualquer lugar 

Caixão não tem gaveta, o que vocês ganharem em vida não vai ser levado depois que vocês morrerem.

O que se leva dessa vida é a vida que se leva.

(Autora: Amanda Areias)
(Fonte: livreblog.com)

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  • Amanda!! Que vontade de te conhecer e escutar sobre o que já viveu... Concordo com tudo que disse, tenho 17 anos e estou tentando quebrar esses paradigmas, não é fácil, mas aos poucos vou me encontrando nos meus desejos, intuições e na minha missao de vida aqui... E vou seguindo... Grata pelo texto. Amor e gratidão!

  • "E, a não ser que vocês tenham que ajudar financeiramente em casa, não digam que o problema é dinheiro."

    Em que mundo que tu vivi? Texto razo é superficial, escrito por uma adolescente que não paga nem o papel higiênico que usa em casa. Como assim, "a não ser que vcs tenham que AJUDAR financeiramente em casa"? A maiorida das pessoas adultas não precisa "ajudar financeiramente em casa", eles precisam manter suas casas, suas famílias, pagar seus impostos, fazer um pezinho de meia pra não passar trabalho quando envelhecer. Sorte a sua de ter nascido numa família abastada e pede se dar ao luxo de gastar toda economia de um ano de estágio em dois meses de férias. Sua intenção é boa, de aliviar a pressão das pessoas, mas você não conhece a realidade.

    • Acredito que você não tenha entendido a essência do texto. O ponto principal é a crítica à busca eterna pelo status e "sucesso" em detrimento da liberdade e busca da real felicidade. Tem mais a ver com a mecanização da sociedade, com o efeito manada. Quanto à trabalhar, sustentar a casa e pagar impostos, vivemos em um mundo capitalista, é claro que é necessário, mas não precisa ser a única coisa que se faz na vida (atente-se para o título do texto). Uma coisa não exclui a outra.

  • Amanda!! Isso é exatamente eu... é minha meta de vida... Mas me preocupo quanto a segurança, tipo você que mochilou pela Ásia por 2 meses sozinha, teve medo de ser estuprada e tal? Sempre conseguia lugar seguro pra dormir? Belo texto <3 Agradeço se me responder... Abraços.

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