Saúde

Uma vida adulta excessivamente normal. Será patológica?

A criatividade está bastante relacionada à capacidade de criar novas soluções e vivenciar os imprevistos com esperança de que possam ser sanados. Um viver sem criatividade pode ser bastante mascarado, assim são pessoas extremamente focadas na realidade prática e perceptível, mas que vivenciam uma falta de contato com o mundo interno.

Para esse indivíduo é difícil lidar com as subjetividades da própria vida ou da vida alheia. Talvez seja muito complicado acolher elementos subjetivos da vida alheia quando não se quer enxergar os próprios. Há uma defesa intensa por isso externamente pode parecer forte e estável, pessoas muito práticas e objetivas. De fato é mais fácil ter uma rotina e seguir regras, vivendo uma segurança eterna. O endereço é pelos fatos, ao mesmo tempo em que não conseguem absorver os afetos de cada um.

Uma vida baseada em organizar tudo, produzir e existir de modo muito impessoal, com isso conseguem ser bem adaptados a sociedade, são sempre parte da equipe, os grupos sociais são mais seguros do que estar só e refletir. Compram novos objetos, realizam novas conquistas, mas falta paixão e desejo. O mais lógico então é se atrair por um semelhante, um caminho mais seguro e estável, uma vida superficial de afetos empobrecidos. O riso é fácil, mas mecânico, o choro é moderado.

Depressão é não estar em atividade, não falam sobre angústias, mas diminuem o ritmo, só fazendo algo se sentem vivos e preenchidos. São personalidades robóticas, como workaholics ou viciados em quaisquer coisas que não lhe permitam estar só e introspectivo em si. Sabe quanto ganhará no fim do mês, a vida parece sempre tão segura, mas parada de certo modo. Algo falta, não sabe o quê, afinal a vida parece tão boa externamente, tanto agito e excitação, mas quanto medo da lentidão, parada e proximidade com a morte.

No fundo é uma falta de subjetividade originária, são então eterno os produtos da sociedade, apenas mais um ser humano bem vestido e produtivo, não enxerga um eu real nem um outro real.

Difícil transformar, digerir e absorver com a vida, não houve um amadurecimento psíquico, isso se deve a uma família com uma dificuldade na interação entre os pais e a criança. Vivenciaram sentimentos de confusão, opressão e talvez até uma falta de desejo dos pais em ter esse filho, então se adaptaram, não deram trabalho. Guardam então seus sentimentos como raiva, rancor, inveja e então vivem uma vida superficial.

Viver uma vida sem criatividade é uma eterna previsão e segurança, onde está a imaginação dessa criança que ainda habita esse eu?

Imagem: Daria Litvinova

Mariana Pavani

Psicóloga, estudante de Psicanálise. Colunista do site Fãs da Psicanálise.

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Mariana Pavani

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