O que nos torna bons? Tenho certeza que raros seriam aqueles que discordariam da ideia que defendo de que o que nos torna bons são, antes de tudo, nossas escolhas. Ajudar uma instituição de caridade, oferecer um apoio ao amigo necessitado, compartilhar nossos recursos com o próximo são ações que escolhemos empreender e sobre as quais temos total controle. Talvez determinadas pessoas o façam de forma mais natural, sem pensar duas vezes, enquanto que outras o fazem embaladas pelo consciente propósito de praticarem o bem. Não importa. Mais facilmente ou não, a prática de atos de bondade ainda é uma escolha.
Entretanto, é muito curioso observarmos que em relação à maldade o mesmo raciocínio nem sempre se aplica.
Do senso comum à própria ciência, continuamos tentando relacionar a maldade à causas alheias ao indivíduo. “Não entendo porque ele fez isso. Deve ser louco” chegamos a dizer sobre aqueles que observamos fazendo o mal. Ou então: “Ele age assim porque na infância, seus pais não lhe deram amor/carinho/ atenção/educação”.
Que razão lógica sustentaria a ideia de que a bondade seria uma escolha enquanto que a maldade não?
Os avanços da neurociência permitiram a identificação de má-formações no cérebro de psicopatas às quais, de maneira simplista, foram atribuídas as razões de sua má conduta. De fato, as imagens do cérebro de um psicopata costumam acusar uma baixa atividade nas áreas responsáveis pela empatia, moralidade e autocontrole, ingredientes principais na “receita” da psicopatia. Dessa forma, essas pessoas não teriam escolha em relação aos atos de maldade que praticam, recebendo, inclusive, atenuantes jurídicos quando tais atos se configuram em crimes previstos por lei.
Estaríamos corretos ao acreditarmos que psicopatas são meras vítimas do cérebro que possuem?
Os avanços da neurociência permitiram a identificação de má formações no cérebro de psicopatas às quais, de maneira simplista, foram atribuídas as razões de sua má conduta
James Fallon, neurocientista da Universidade da Califórnia e hoje com 68 anos, é uma prova viva de que não. Estamos totalmente equivocados ao pensarmos assim. Em 2005 Fallon fez uma descoberta verdadeiramente inquietante: deparou-se com uma imagem do cérebro de um psicopata e qual não foi sua surpresa ao perceber que aquela imagem era do seu próprio cérebro. Ao invés de esconder sua condição, Fallon tornou-a pública e foi submetido a uma bateria de testes genéticos que identificaram, ainda, que ele possuía predisposição para a agressão, violência e baixa empatia. Pesquisando mais a fundo, descobriu também que em sua árvore genealógica havia, pelo menos, 6 assassinos por parte de pai.
Porém, o mais espantoso foi que, a despeito de tudo isso, Fallon era um dedicado marido, casado com seu primeiro amor a quem conheceu aos 12 anos de idade e com quem tivera 3 filhos. Ao que parece, sua maior maldade é ser extremamente competitivo, a ponto de não permitir que seus netos ganhem nos jogos. Ou seja, embora seu cérebro e suas características genéticas sejam de um psicopata, sua vida atesta que ele, de fato, não o é.
Fallon e toda a comunidade científica justificam isso dizendo que o que o “salvou” foi ter tido pais maravilhosos e uma infância cercada de muito amor. Tenho certeza da importância dessa infância feliz na equação que fez de James Fallon o homem que ele se tornou. Mas essa equação tem muitos outros elementos. Por isso continuo achando ingênuas as explicações simplistas e que excluem a responsabilidade do sujeito no tipo de ser humano que ele se torna. Tomem-me como sonhadora, existencialista, talvez, mas ainda acredito na supremacia do espírito humano e, sobretudo, no poder das nossas escolhas. E mais. Creio ser muito possível que ambos alterem o cérebro. Talvez até mais do que o contrário.
Autora: Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA.
Fonte: psiquecienciaevida.uol.com.br
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