Saúde

Transtorno de ansiedade generalizada: a dor e o recomeço constante

Há quatro anos atrás, durante mais uma recaída de depressão e crises de pânico, escrevi pela primeira vez sobre o assunto. Postei em um blog e o texto foi replicado no Facebook.

Tenho Transtorno de Ansiedade Generalizada desde os 21 anos. Atualmente, aos 39, a doença já teve diversas fases e faces. Já estive completamente livre por alguns períodos. As recaídas acontecem e preciso estar me monitorando o tempo inteiro.

Entrei em crise novamente há algumas semanas. Toda minha loucura pelo trabalho, atitudes autodestrutivas, ritmo acelerado, aliados ao falecimento de uma prima muito próxima, cansaço e descuido mental me fizeram parar forçadamente. Cá estou eu de licença médica e passando muito tempo na cama.

A ansiedade e seus derivados te dilaceram, paralisam. O coração acelera parecendo que vai parar a qualquer momento. Os tremores são constantes, o corpo inteiro dói e as manchas roxas aparecem e assustam. Numa crise, não é possível pensar, articular. Nada sai como deveria.

E a gente leva um tempinho pra se recuperar. Não é nada fácil, porque a maioria das pessoas não entendem bem o que se passa com você, além do preconceito, da sociedade que te cobra produtividade no trabalho, ser uma boa mãe, amiga, mulher.

Tive um Burnout, segundo meu psiquiatra e minha terapeuta. E isso me assustou um pouco.

O Burnout acontece pelo acúmulo de estresses emocionais e responsabilidades, e está diretamente relacionado ao ritmo de vida que geralmente um ansioso leva.

A coisa toda vem bem pesada. E agora estudam mais uma possibilidade de diagnóstico, que pode ter sido desencadeado pelo Burnout: o Boderline, um transtorno de personalidade onde o paciente apresenta oscilações de humor, impulsividade e idealização extrema de coisas que distorcem a realidade. Geralmente, os pacientes fazem um enorme esforço para evitar um abandono que pode não ser real.

Não prestei atenção nos sinais que minha mente já vinha apresentando. Acordava exausta, com um enorme peso nas costas, responsabilidades que eu mesma colocava em um grau muito alto para um ser humano. Vira e mexe eu pensava: vou ter um tilte a qualquer momento. E aí eu tive.

Será que tô ficando maluca mesmo? Será que não vão me olhar como uma mulher extremamente sensível, que não pode trabalhar algumas horas a mais, ou se relacionar, como todo mundo? Se os outros conseguem, por que eu não consigo? O que tem de diferente em mim?

Nunca me importei muito com a opinião dos outros, mas sinto os olhares de certa desconfiança. Como estou sempre brincando, e não é fingimento, parece meio impossível que eu seja tão fraquinha a ponto do meu cérebro ficar dando esse trabalho vez ou outra. É chato. Se torna chato pra mim e pra quem convive comigo. Chato.

É uma busca incessante, um trabalho árduo. Visitas a terapeuta com maior frequência, mais consultas para que o médico me observe. Tenho tentado me disciplinar em relação aos exercícios físicos, porém ainda falta muita coisa. Como ando muito sonolenta e ainda sinto muito cansaço mental, tento um dia de cada vez. Porque na verdade é assim que a vida tem que ser, não é?

Aline Rollo

Jornalista, assessora de imprensa, escritora sobre ansiedade, pânico, depressão e afins, mãe da Manu, apaixonada por bichos, pelo mar, natureza, amigos, família, pelo amor. Tentando viver um dia de cada vez ❤

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  • Nunca gostei de falar dessas coisas, por que as pessoas a minha volta, não veêm isso como uma doença. Nunca falei disso com ninguém, principalmente por conta da fé que eu professo. Vivo num mundinho só meu, onde não deixo ninguém entrar. Simplesmente não tenho coragem de expor o problema pra ninguém. Por fim, depois de uma crise depressiva, fui ao médico e com muita vergonha, falei o que estava acontecendo comigo e ele me disse que eu estava com uma síndrome depressivaansiosa. "Nem sei como se escreve isso." Mas ultimamente com tantos posts, tenho entendido o que se passa, e com ajuda de pesoas como você, que se expõe assim, tenho conseguido me controlare me posicionar diante das pessoas. Obrigada!

  • Fui diagnosticada como bipolar depois de uma vida inteira , minha primeira crie foi aos 18 anos , fui tratada e fiquei 10 anos bem .Tive + crises . sempre fui tratada com depressão sem ter um diagnóstico .No final de 2018 agora, voltei a ter uma crise q. sinto ser a + longa e fiquei 15 dias internada , onde o profissional pisiquiatra disse q. sou bipolar tipo 1, melhorei + ainda sinto medo de sair de casa e não sinto prazer nas coisas q. tinha como música, poesia cozinhar enfim estou pedindo a Deus e lutando para voltar a ser como era antes.

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Aline Rollo
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