O transtorno bipolar é um distúrbio psíquico que acomete de 2% a 3% da população. A doença se caracteriza pela alternância de episódios de depressão com episódios de hipomania ou mania, como são chamados os momentos de euforia extrema a que chegam os pacientes. As informações são de Beny Lafer, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, coordenador do Programa de Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e vencedor do prêmio Mogens Schou Award, o mais importante da sua área.
O professor conta que o diagnóstico do transtorno bipolar é complexo, assim como o de outros distúrbios psiquiátricos, por não contar com exames precisos, de sangue ou de imagem, que revelem biomarcadores que confirmem a doença. O médico se vale de sinais clínicos e da evolução do paciente ao longo do tempo para fechar o quadro. Lafer diz que, apesar da complexidade, os diagnósticos costumam ser precisos e que, quanto antes forem feitos, melhores são os prognósticos.
O psiquiatra destaca que o componente genético é o fator mais importante na determinação do transtorno bipolar. Mas a doença apresenta, além da hereditariedade, componentes ambientais e psicológicos, principalmente no desencadear do transtorno. Depois dos primeiros episódios, o professor conta que é mais difícil determinar o que levou o indivíduo a novas crises. Stress, álcool, drogas, perdas importantes, privação do sono: todos esses componentes podem se relacionar com o desencadeamento da bipolaridade.
Ainda segundo Lafer, o transtorno bipolar é a doença psiquiátrica com maior associação com o suicídio. Além disso, os pacientes costumam viver 11 anos a menos que a população em geral. As causas desse encurtamento da vida ainda estão sob investigação, mas já se sabe que o nível de inflamação dos pacientes é maior do que a média. O professor conclui dizendo que ainda há muito a se avançar, tanto na compreensão da doença quanto no tratamento, farmacológico e psicoterápico, no sistema público de saúde.
(Fonte: jornal.usp)