Uns anos atrás, quando eu nem sabia que a máxima fazia tanto sentido, uma amiga me disse, com uma mescla de decepção e esperança: “Sabe, amor é timing”.
Embora tenha acreditado de que se tratava da mais pura verdade, minha cabeça de vinte e poucos anos só conseguia absorver da frase algo como “gosto de você, você de mim, estamos solteiros, estamos no lugar certo e na hora certa, gostamos de rock e não somos fanáticos por praia. OK, vamos lá”.
Com a maturidade, “timing” ganhou outras definições, afinal a gente aprende que nenhum timing é, de fato, perfeito.
Depois dos trinta e poucos, estamos todos cansados, machucados, traumatizados. Seria impossível olhar pela janela um dia, enxergar o sol brilhando na minha cara e disparar um “mundo, estou completamente pronta para o amor!” com total certeza.
Tá, tem gente que nem a janela conseguiria abrir em determinados momentos da vida (e é assim mesmo, não há nada de errado), mas é preciso, no mínimo, ir destravando aquele trinco aos pouquinhos, antes que o trilho emperre de vez.
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Timing, hoje, tem a ver, entre outras coisas, com respeitar o tempo do outro, bem como perceber que o outro, mesmo com tantas amarras às dificuldades e ao passado, vem dedicando um belo esforço para que o momento de um vire o momento certo de ambos.
Timing é trabalho. É ter a consciência de que a dedicação pode valer a pena diante de tantas adversidades. Mesmo com a vida te dizendo, dia após dia, feito uma hiena, que isso não vai dar certo. Ó, azar.
Sim, amor é timing, porém timing não é só uma indicação de ponteiros.
Seria fenomenal se tudo parasse ali, em 98, quando você emprestava uma caneta para o cara da mesa do lado e recebia um “fica comigo depois da aula?” como retorno.
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Ajustar as horas quando adultos cansa e nos faz querer desistir a cada segundo. Você pode optar pelo padrão digital, em que basta uns botõezinhos para te darem a impressão de que o relógio está ajustado, mas esteja preparado para quando a bateria acabar. E ela acaba rápido.
Na versão analógica, timing vem com suor, com coragem, mas o retorno são como as dez badaladas do Big Ben. Vale a espera?
(Fonte: istonaoesobrevoce.tumblr.com )