Eu sei que pode ser duro saber disso, mas talvez você já tenha sido tóxico na vida de alguém. Talvez você já tenha sido uma influência negativa, uma ferida que não cicatrizou, um convívio que mais trouxe incertezas do que coisas boas. E talvez você não tenha feito de propósito, acontece. O ponto é que às vezes podemos ter cobrado afetos de alguém e nem percebemos que em nós também poderiam residir as mesmas falhas.

Vai dizer que em todos os relacionamentos que passou, nenhum teve um desencontro da sua parte? Que em nenhum deles você deixou de demonstrar a sua a melhor versão?

Erros são para todos e não importa o quanto você se considere uma pessoa maravilhosa – e mesmo sendo, isso não exclui o fato de que você já pode ter feito escolhas emocionais que impactaram uma outra pessoa. Pode ter sido um ciúme, uma tentativa de sabotar a liberdade de alguém ou até alguns pequenos gestos e discursos que, de alguma forma, fizeram alguém ficar encostado no seu jogo, na sua concepção de certo numa relação. Não importam os motivos, quando a gente quer ter o controle dos nossos relacionamentos, estamos cruzando uma linha perigosa: é praticar a toxicidade com a desculpa de estar oferecendo sempre a melhor saída.

Não podemos confundir o “ter o controle” de uma relação com o jeito no qual a encaramos. Podemos e devemos ser conscientes das nossas emoções, das nossas capacidades e das nossas ideias dos tipos de relacionamentos que queremos encontrar ou manter. Isso é saudável. O que é não é saudável é quando queremos manipular o controle disso, fazendo de quem quer que seja um peão do que sentimos. Mesmo quando não é proposital, esse tipo de situação existe e é tóxico. Todos devemos tentar reparar nisso.

Quando se trata de afeto, equilíbrio é essencial. Autoconhecimento é a maior prova de amor que podemos compartilhar com alguém. É assim que agregamos na jornada de quem surge ou já está em nossas vidas. Responsabilidade emocional é o antídoto para efeitos tóxicos. Busquemos, a cada nova ou velha relação, o constante desejo de aprimorar e entender os nossos sentimentos. É assim que seremos recíprocos de verdade.

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Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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