Aqui em casa meu filho vai aprender que:
– chinelo serve para calçar;
– cinta serve para segurar as calças;
– a palma da minha mão serve para várias coisas, mas agredi-lo não é uma delas.
Meu filho vai aprender que, não importa o momento da vida que ele esteja passando, ele sempre vai encontrar em mim e no pai dele ouvidos atentos aos seus problemas. Que ele sempre pode contar conosco.
Que a colaboração nos afazeres da casa é tarefa de todos que vivem nela, mas que aqui não achamos que depressão e ansiedade são falta de “ter a pia” cheia de louça pra lavar.
Vocês que estão fazendo piada e compartilhando o “desafio da preguiça azul” ou “desafio da havaiana azul”, insinuando que adolescentes capazes de se automutilar e até se suicidar são desocupados e merecem apanhar, apenas se perguntem se é a vocês que seus filhos recorrerão num momento de dificuldade.
Apenas imaginem-se, menosprezando os adolescentes e seus conflitos psicológicos (e eventuais transtornos), vocês serão o porto seguro deles. Ou se eles irão buscar apoio em outros adolescentes ainda mais desorientados.
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Se você acha que esses adolescentes estão só querendo atenção, ué, e quem no mundo não está? Quem não precisa de atenção, amor e cuidado?
De onde vem essa ideia deturpada de que, quando alguém pede atenção, devemos virar as costas ou reagir com violência?
Como diz a minha mãe, filho não se perde na rua, mas sim dentro de casa. Perde-se na falta de diálogo, de atenção, de cuidado.
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Em vez de ficar compartilhando piada sem graça ou alertando sobre o perigo de as crianças aceitarem balas de estranhos (a grande novidade de 1985), olhemos com atenção para os nossos filhos, para as crianças e jovens do nosso convívio.
Sejamos seus confidentes, ofereçamos apoio livre de julgamentos, façamos que saibam que não estão sozinhos.
A quem precisar de alguém que lhe ouça: EU ESTOU AQUI.
(Esse texto foi originalmente publicado por Oksana Guerra em seu perfil pessoal no Facebook em 19/04/2017)
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