Sempre gosto de trazer para meus textos as experiências de minha semana de trabalho, já que passo por tantos ambientes diferentes, sempre tenho contato com pessoas admiráveis.
Esta semana estava conversando com uma jovem empresária que acabou de abrir seu próprio negócio. Esta profissional tem muito sucesso em sua carreira, tem uma atrativa carteira de clientes e trabalha sem parar, faz cursos e passa os fins de semana planejando seu trabalho.
Com toda essa trabalheira, ela sempre escuta de seus colegas/concorrentes a seguinte frase: “nossa, como você tem sorte”. Comentário infeliz de quem no fundo, mas bem lá no fundo, está morrendo de inveja e é incapaz de fazer um elogio sincero, como por exemplo: “parabéns, você merece por todo seu esforço, dedicação e disciplina”.
E a inveja inunda os ambientes de trabalho.
A palavra inveja vem do Latim INDIVIA que significa “olhar torto”. Significa o desejo de obter algo que outra pessoa possui e que você não tem. Como se você sentisse tristeza pelo bem alheio.
O invejoso cobiça tudo o que é alheio, o cargo, o trabalho, aquele projeto que o chefe passou para o colega e a atenção que o chefe dá para as outras pessoas da equipe. O mais interessante é como ela é manifestada: o invejoso agride, difama, prejudica e sabota o trabalho alheio. E o pior disso tudo é que seu lago egocêntrico faz com que ele se sinta o máximo, senhor da razão (só mais um injustiçado).
Mas a pior inveja é aquela que está na “normalidade”, podendo ser manifestada quando não ouvimos ou não damos importância ao sucesso de um colega, quando não conseguimos fazer um elogio. Quando sentimos uma tristeza enorme depois de uma ótima reunião onde um colega se destacou .
O processo que desencadeia toda essa inveja já é bem conhecido nosso: a comparação. Quando nos comparamos com os outros podemos nos sentir injustiçados, o que nos desperta este sentimento de frustração, uma insatisfação pessoal que nos corrói, nos entristece, que qualificamos como inveja.
E como saímos deste processo? A única maneira que vejo para melhoramos este sentimento é fazermos uma comparação conosco mesmo. Você está melhor ou pior do que ontem? Você já alguma vez na vida pensou de onde você veio, no que você se transformou agora ( aonde você chegou) e o que falta você fazer para sociedade aonde vai se perpetuar? Ao pensar nessas três questões, olhamos para nossa própria vida e começamos a admirá-la.
Não temos como nos comparar com os outros, as pessoas são diferentes, as necessidades diferentes, os comportamentos diferentes. Só temos condição de nos comparar com o nosso próprio referencial como pessoa. Dessa maneira, damos início ao auto-tratamento da nossa inveja.
(Autora: Dra. Sonia Pedreira de Cerqueira, psicanalista e coaching)
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