Solidão virou uma epidemia no mundo. Por que estamos tão sós? Por que é tão difícil conviver com outros? Vamos aqui abordar esta questão.
Uma das raízes do problema é que amor dá trabalho. Amar é servir. Servir é abrir mão de seu tempo e energia em prol do outro.
Cada vez mais reduz o número de pessoas que achamos dignos de receber nosso escasso e precioso tempo.
Temos muitas demandas egoístas. Temos muitas coisas que queremos para nós primeiro. O que sobra são migalhas.
Migalhas essas de amor que não são suficientes para nutrir um relacionamento ou, menos ainda, um convívio.
Por isso casamentos duram tão pouco. Não é fácil ficar casado. Nada é seu mais. Tudo é do casal. As decisões são do casal. Onde morar, para onde tirar férias, o que fazer nas horas vagas, como decorar a casa, que carro comprar… tantas coisas deixam de ser SUA decisão e passam a ser uma decisão do casal.
A vida precisa ser negociada e combinada, e muitas vezes é necessário ceder, dando ao outro a preferência, ou seja, indo contra sua vontade. Isso cansa. Não é fácil. Aí logo o casal pensa, “ah, deu”, “não temos sintonia”. Leia-se: “essa pessoa não é idêntica a mim e eu precisaria deixar de ser egoísta – tô fora!”.
Filhos então? Dez vezes mais trabalho. Cem vezes. Por isso vemos tantas pessoas empurrando a decisão para frente. As mulheres pensam, “ah, minha carreira, meu corpo, não consigo achar um parceiro digno”. Os homens pensam, “tô fora! Quero liberdade, ficar na farra, cuidar de mim”.
As vezes penso que se não fossem os “acidentes”, os filhos nada planejados, estaríamos hoje correndo risco de um colapso de nossa civilização por falta de criança. Se acham que estou exagerando, vejam as estatísticas de taxa de natalidade de países com o Alemanha, Japão, Rússia e Itália.
Quase metade dos países do mundo hoje terá uma geração nova menor do que a antiga. Quantos de seus amigos tiveram filhos planejados e quantos foram “acidentes”?
E quando tem filho, quantos homens ficam para aguentar o tranco? Outra epidemia mundial: filhos criados só pela mãe. Pai durante umas horas no final de semana ou alternando final de semana. Dá trabalho, né? Exige mais amor do que tem disponível manter a família unida.
Conforto! Este é objetivo. Serviço não. E aí as pessoas vão ficando cada vez mais apegadas em ter sua zona de conforto total. O apartamento do jeitinho que quer, fazendo as coisas que quer e do jeito que quer. Sem tolerância para ajustes. Minha vida, do meu jeito. Sem margem para negociação. Sem margem para compromissos!
Sim, muito bom, né? Mas o resultado é a solidão. Do seu jeito, você que manda? Tudo bem. É uma escolha. É um direito. Mas tudo tem consequências. E a consequência deste tremendo aumento de busca de conforto e fazer as coisas do seu jeito é a solidão.
Este tipo de vida leva ao que chamo de “Déficit Dhármico”. Os sintomas são uma vida com tudo aparentemente bem, mas com um tremendo vazio no coração. Um oco. Faltou amar. Faltou servir. Faltou viver seu propósito. Ralar. Ficou fácil demais.
Então tome cuidado com estas tendências de se isolar. Tome cuidado com esta facilidade de criar seu mundinho, de fazer de sua vida muito fácil. Certifique-se que você não deixou para trás seu dharma, seu propósito, em sua busca pelo comodismo e conforto. Cuidado para não deixar de “malhar sua alma”.
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