Tem coisa mais chata que aquela pergunta da sua tia em um almoço de família no domingo: E os namoradinhos?

Tem. É aquela pergunta de quem não te vê há meses, te encontra na rua e solta aquela frase que deveria ter ficado apenas no pensamento: E aí, está namorando?

Eu queria registrar a cara de decepção das pessoas quando respondo a essas perguntas com um não. E logo em seguida, vem aquela fala doce em tom de desculpas como se isso fosse um erro.

“Ah mais você é tão bonita, como assim não tem ninguém”, “Ó quem muito escolhe acaba sendo escolhido.” Aposto que você já foi bombardeada(o) com essas frases que nos causam riso.

Depois de um tempo a gente cansa de dar sempre as mesmas respostas e as pessoas confundirem isso com desculpas.

Não vejo problema algum em querer um tempo pra si, em querer se dedicar a um projeto ou querer viajar pelo mundo sem ninguém. Eu não preciso estar casada aos 30, com filhos, uma carreira profissional de sucesso, a tese de mestrado pronta e me preparando para defender o doutorado.

Eu posso querer ficar em casa no feriado, atualizando as minhas séries ao invés do meu currículo. Eu posso gostar da companhia dos meus amigos e adorar ir ao cinema assistir um romance e chorar feito um bebê não como quem está desesperado por um amor, mas como quem achou aquela história bonita. Eu prefiro um coração feliz a um coração machucado e sinceramente, eu me divirto com as minhas séries.

Essa visão errônea das pessoas de que quem está solteiro necessariamente está sozinho, mostra a visão destorcida do amor. O amor não é uma questão de tentativas com medo de ficar só. O amor nem de longe é refugio, abrigo, por medo da solidão. As pessoas colocam a responsabilidade de ser feliz nas mãos do outro, achando que um relacionamento é a chave para aliviar toda angustia, tristeza e dor.

Antes de ser um bom par é fundamental ser um bom impar, gostar da tua companhia, gostar daquilo que você vê no espelho todos os dias e da pessoa incrível que você tem se tornado. É fundamental se conhecer e se amar. Gostar do teu cabelo desarrumado, do teu jeito bagunçado e da sua loucura.

As pessoas sempre irão arrumar um jeito de saber das “atualizações” de nossa vida. Hoje você está solteira, então a pergunta da vez é: Quando você vai namorar? E aí você entra em um relacionamento e surge outra questão: Quando você irá se casar? E então você se casa e vem o tal: “Quando vocês irão ter filhos?” e por aí se segue a lógica de quem parece esperar muito de nós e de nossas vidas, QUANDO na verdade é só curiosidade alheia pela vida do outro.

Relacionamento não é sinônimo de felicidade. A gente sabe quando tem e quando é amor. Depois de tantos tombos a gente prefere dar um tempo como quem deseja se recompor. Como quem se olha no espelho e só enxerga espinhos e sabe que precisa se ver flor.

Depois de alguns “quases” a gente dá uma desacelerada como quem não quer embarcar em nada só porque o coração acelerou, ele nos engana às vezes. Eu quero nós, porque laços se desfazem depois de um tempo, perdendo a sua forma bonita. E eu? Eu, não quero um amor passageiro.

Eu posso estar feliz aos 25 mesmo sem planos para depois da faculdade, posso estar solteira aos 30 e sonhar com casamento. Ser solteira não é nem de longe sinônimo de solidão.

Eu posso desejar hoje alguém, mas posso nem pensar nisso, pela rotina, pelo cansaço ou por falta de interesse mesmo. Posso encontrar alguém amanhã e começar uma história de amor, mas não antes de começar essa história por mim mesma, amando o meu jeito desorganizado e desejando transbordar.

Um coração entregue a Deus sabe que não adianta ter pressa, por mais que o coração se apresse e a ansiedade queira nos dominar, tudo tem o seu tempo certo.

Eu não quero alguém para sarar as minhas dores, curar as minhas feridas e me completar. Eu quero companheirismo, eu quero tempo de qualidade.

Eu dispenso as desculpas, a falta de interesse e o medo de embarcar. Deixa tua bagagem no passado, agora é uma nova história.

Eu quero alguém disposto, alguém que me traga certezas ao invés de duvidas, que apareça ao invés de desaparecer sem ao menos dizer o porquê. Eu estou solteira e estou feliz porque não há nada pior do que se sentir só mesmo tendo uma “companhia.”

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Estudante de psicologia, 22, é aquela que escuta mil vezes a mesma música e tem a risada escandalosa. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito catupiry, mesmo sendo intolerante a lactose. Encontra paz na oração e vê amor nos pequenos detalhes.

13 COMENTÁRIOS

  1. Meu Deus, como me identifiquei com este texto, confesso estar mais aliviada ao saber q não sou a única a passar por isto no mundo!!! As pessoas acham q a felicidade está em alguém enquanto que para mim, a felicidade está dentro de nós e que talvez um dia possamos compartilha la com alguém e n obrigar a pessoa a ser a nossa FELICIDADE

  2. Eu acho que é muito conveniente, principalmente para os poderosos, que as mulheres continuem sendo criadas para acreditar em ‘amor romântico’ e para buscar um provedor. Mesmo quando a mulher tem uma carreira, como eu tenho, quando ela provê para si mesma como eu, tem sua casa, é visto como ‘opção’, e uma exceção à opção da maioria. Já um homem, não tem jamais essa opção, ele é criado para ser o provedor e trabalhar, sempre. Nunca irão questionar a carreira de um homem. Eu tenho 41 anos, nunca me casei, e não tenho filhos. Sou mulher e feliz em ser mulher. Um homem solteiro na minha idade, quanto mais bem sucedido for na carreira, será visto como o eterno ‘bachelor’, um partidão, como um potencial provedor. Além dele sempre poder dar filhos a uma mulher, se for saudável, ainda que idoso, nem que for por inseminação artificial.

  3. Achei um espetáculo, mesmo porque mesmo nós que já nos relacionamos antes, sofremos até com descriminação que podemos querer tomar o relacionamento do outro, isso é cansativo.Eu amo estar independente no momento, e amando alguém, isso não interfere no meu estado.Eu só quero alguém que seja totalmente importante e conveniente para mim.A maturidade nos da essa oportunidade, esse luxo de poder estar só e feliz.Muito pertinente esse texto amei.Obrigado.

  4. Parabéns, bom texto. No momento quero viver uma história de amor, companheirismo, de saúde emocional. Alguém que me ame exatamente pelo o que eu sou e vice- versa. Eu quero amar e ser amada da mesma intensidade. Mas , espero no SENHOR!

  5. Bom texto. Tenho 25 anos e há 8 anos não me relaciono com ninguém. Sinto falta de um companheiro, mas eu não acredito em Amor da disney, acho que o amor é a soma de vários sentimentos, como respeito, carinho, admiração, paixão, ente outros. Estou esperando em DEUS e creio que ELE tem o melhor pra mim. Quero um amor que resista ao tempo, ás provações e que esteja disposto a recomeçar toda vez que for preciso.

  6. Adorei!! Me identifiquei com muitas coisas ditas ali. Tenho 45 anos, não me casei, nao tenho filhos e não pretendo me casar. Na verdade, nunca sonhei em casar – me, nem em constituir família. Sempre pensei, se rolar, muito bom, se não rolar, muito bom tbm! Não procuro e nem espero ninguém, sou feliz assim!

  7. Desculpinhas de qm está sozinha. Texto incoerente: “por mais que o coração se apresse e a ansiedade queira nos dominar, tudo tem o seu tempo certo”. Demonstra o quanto vc está precupada com a solteirice e a solidão. Além do mais doutorado e carreira profissional não vão te abraçar nas noites de frio. No fundo todos nós queremos e precisamos de alguém para caminharmos nessa jornada que é a vida, ngm é autossuficiente.

    • Ela disse EU NÃO PRECISO estar casada aos 30, com filhos, uma carreira profissional de sucesso, a tese de mestrado pronta e me preparando para defender o doutorado.
      Ela deve usar um cobertor para se aquecer nas noites de frio, não homem ou tese de doutorado.
      Ela não disse que não precisa de ninguém, disse Eu quero companheirismo, eu quero tempo de qualidade, ou seja, quer muito mais que um homem-cobertor.

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