Ter um bebê é se surpreender todos os dias.
Você pode conhecer mil crianças, ler a respeito, ouvir com atenção e interesse legítimo os relatos de amigas mães, mas nada se compara à sensação de alegria e assombro de acompanhar diariamente um ser tão pequeno, que ainda ontem acabava de nascer, descobrindo o mundo e suas possibilidades de uma forma tão rica e intensa.
De um dia para o outro, você já não consegue mais esconder alguma coisa embaixo de uma almofada e fazer o bebê acreditar que aquele objeto proibido simplesmente desapareceu: ele vai passar por cima de você e erguer a almofada.
A trava do armário, que você imaginava que ele ia levar alguns meses para descobrir como abrir, é desvendada na segunda tentativa. Nenhuma tomada ou fio da casa escapa de sua visão.
Aprende a rolar, virar, desvirar, se arrastar, sentar, ficar de pé, engatinhar, subir e descer das coisas, escalar móveis, se soltar e ficar de joelhos ou sentar novamente, abrir e fechar portas e gavetas, vocalizar muitos sons diferentes, encaixar peças, comer, atirar objetos, demonstrar carinho, alegria, entusiasmo, frustração, raiva, tristeza, dor, pedir comida, pedir colo, andar com apoio (e logo sem), leva vários tombos até que aprende a não cair ou a cair do jeito certo.
Compreende os conceitos de dentro e fora, atrás e na frente, em cima e embaixo. Quanta plasticidade nesse cérebro! É aprendizado demais em tão pouco tempo!
No quarto do Ivan temos um globo terrestre que acende ao ligar na tomada. Desde bem pequenininho ele adora ficar girando o globo, mas hoje pedi ao André que o guardasse, porque o Ivan tem gostado de mastigar o cabo elétrico e isso obviamente não me parece seguro.
Quando o Ivan olhou para o local onde costumava ficar o globo e viu que não estava mais ali, começou a chorar. André e eu nos olhamos sem entender, e sem acreditar que o bebê pudesse estar percebendo a ausência do objeto.
Ivan percorreu o ambiente com os olhos e encontrou o globo guardado no alto do seu guarda-roupas. Olhava para o globo e depois para mim fazendo beicinho, claramente me pedindo para pegar para ele. Eu disse que não podia, e ele começou a olhar em volta e tentar escalar nos móveis próximos, sempre olhando para o objeto almejado.
Leia mais: Feio não é ser mãe solteira, Feio é ser pai quando convém
Mesmo sendo apaixonada por bebês, eu nunca antes imaginaria que eles fossem tão espertos! Fico chocada (e apaixonada) ao ver o quanto eles entendem o que dizemos e o que acontece. A compreensão deles é muito mais avançada do que a maior parte das pessoas imagina.
O cansaço é enorme – li outro dia que as mães de bebês vivem num estado de hipervigilância que se compara ao dos soldados na guerra, e nem mesmo dormindo seus cérebros descansam de verdade – mas a recompensa também é.
Via nosso site parceiro Tokaoki
Autor: Oksana Guerra
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