Muitas pessoas passam a vida tentando se adequar a um ambiente, profissão, relacionamento, maneira de viver que nada têm a ver com elas; outras, tentando atender às expectativas alheias, carregando o mundo nos ombros, carregando até mesmo pesos que não lhes pertencem ao assumir responsabilidades de terceiros, tentando corrigir erros e preencher lacunas deixadas por quem vive de forma totalmente descompromissada em relação aos demais, num egoísmo patológico.

Sabemos que pessoas incompatíveis e até mesmo desagradáveis vão cruzar o nosso caminho, independentemente da nossa postura diante da vida. Sabemos que nem sempre as circunstâncias contribuem para uma existência feliz, porque as escolhas de terceiros e os acasos interferem em nosso cotidiano. Por outro lado, podemos escolher o que fazer com aquilo que nos aconteceu.

Algumas pessoas conseguem ressignificar experiências dolorosas; outras passam a vida se lamentando.

Algumas pessoas se queixam de solidão, mas erguem muros diante de todos aqueles que tentam se aproximar; outras passam a vida criticando tudo e todos, mas são incapazes de fazer qualquer tipo de mudança para se sentir realizadas.

Há ainda aquelas que, apesar das dificuldades, vão à luta, quebram muros, constroem pontes entre si e seus desejos. Tentam, de forma incansável, atingir seus objetivos, pois sabem que nada cai do céu e precisam investir naquilo que faz o seu coração bater mais forte.

Tentar se adequar a um estilo de vida que não nos agrada, suprir as faltas deixadas por colegas de trabalho e estudo irresponsáveis, familiares negligentes, parceiros afetivos e amigos acomodados são formas de desperdiçar a vida.

Mais do que isso: tentar agradar a quem não demonstra nenhuma empatia por nós, investir tempo, dinheiro e energia em projetos e parcerias que nunca darão em nada, porque visivelmente o outro está desinteressado, são formas de desperdiçar a vida. Pessoas que investem o melhor delas naquilo e naqueles que mais amam tendem a ter uma vida mais expressiva e significativa.

Porque quando somos nós mesmos, atraímos pessoas e situações compatíveis com o nosso jeito de ser.

(Imagem: Matheus Bertelli)

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Profa. doutora , idealizadora da Pós em Cinema do Complexo FMU, escritora e psicanalista. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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