Uma experiência iniciada na Suécia, com um horário de trabalho de seis horas por dia está tendo resultados que dividem opiniões.
A ideia partiu da autarquia de Gotemburgo, com aplicação inicial nas enfermeiras de uma unidade de saúde, estendida depois a outras empresas, públicas e privadas.
O objetivo é manter a produtividade com menos horas de trabalho, compensadas pela melhoria da saúde dos trabalhadores, refletida na diminuição das baixas médicas.
Mas os custos são altos para as entidades empregadoras, o que deve inviabilizar, para já, a aplicação generalizada do horário num país onde as 40 horas semanais são lei.
Foi em Svartedalen, uma residência para idosos, que a experiência começou, com 68 enfermeiras a passarem a fazer turnos de seis horas, mantendo o salário. “O ambiente de trabalho melhorou, tal como a saúde das enfermeiras e a qualidade dos serviços prestados”, diz Daniel Bernmar, membro do partido que lançou a ideia.
Bernmar aponta que deram um passo que está a merecer a atenção de toda a Europa e do Mundo. A experiência procura replicar o caminho seguido pela unidade industrial da Toyota na Suécia que desde 2002 tem turnos de seis horas.
“É muito cedo para tirar conclusões definitivas, mas os enfermeiros que trabalham em horários mais curtos estão a ter menos baixas médicas”, disse Bengt Lorentzon, consultor contratado pela Câmara de Gotemburgo para analisar os dados. Mas nem tudo é positivo.
Os opositores da ideia – caso dos partidos mais conservadores suecos – apontam que o Estado gastou mais 635 mil euros por ano, ao ter sido forçado a contratar mais 15 enfermeiras. Bengt Lorentzon aponta que se deve ter em conta as mudanças no mercado de trabalho e as especificidades de cada profissão.
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“Muitos escritórios já trabalham quase como consultorias, não há necessidade de os administradores terem todos os seus funcionários a trabalhar ao mesmo tempo. No caso das enfermeiras, elas não podem simplesmente deixar o trabalho para ir ao dentista ou ao cabeleireiro”, apontou Lorentzon.
“Não acho que as pessoas deveriam começar com a questão de ter ou não horas reduzidas. Em primeiro lugar, deve ser: o que podemos fazer para tornar o ambiente de trabalho melhor e talvez se constate que diferentes coisas podem ser melhores para diferentes grupos profissionais. Isso pode ter que ver com horas de trabalho e horários de trabalho, mas pode ser um monte de outras coisas também.”
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“O horário de trabalho de 40 horas ainda é o padrão nos países desenvolvidos. Não me parece que os trabalhadores queiram menos horas de trabalho. Desejam sim um melhor ambiente de trabalho e aumento de produtividade para receber salários mais altos”, diz Paulo Vaz, diretor-geral da Associação de Têxtil e Vestuário de Portugal.
“Defender o emprego passa pela legislação com mais flexibilidade, permitindo por exemplo mudanças a nível sazonal, quando há escassez de encomendas.”
Fonte: DN Notícias