É errado iniciarmos algo focados na sensação e obrigação de dar certo, penso sinceramente que os momentos existem para serem vividos em plenitude, sem a cobrança infundada de um ego que exige que algo dê certo, sem nos explicar devidamente o por quê.
Talvez, o “certo” seja essa sensação de leveza que as coisas bem vividas nos proporcionam: O sorriso que vem espontaneamente no primeiro bom dia que recebemos pela manhã ou a lembrança marcante do final de semana que passou e mesmo com todas as pendengas foi inesquecível.
O que acontece muitas vezes é a preocupação com o que há de ser dito e feito, esquecendo-se muitas vezes do quão intenso é viver o momento.
Observando bem, entramos no automático do momento em que colocamos o pé pro lado de fora da cama, até o minuto que adormecemos e poucos são os instantes que intensificamos um contato maior e verdadeiro conosco e com os outros. É como é dito por muitos de nós: “É muita função”.
Sim, é. E é bastante.
Não viemos ao mundo com a obrigatoriedade de sermos perfeitos, mas vivemos em uma sociedade que nos impõe isso. A barriga na foto tem que estar “negativa”, o sorriso largo, “branco OMO” , porque é o certo, e é assim que eu vejo por ai, e se eu for diferente, andarei sozinho na contramão.
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Dia desses uma amiga foi a uma festa dessas “Top”, e conversando comigo no outro dia chegou a uma conclusão que eu já tinha chegado há pelo menos uns dois anos: As pessoas estão iguais.
Segundo ela, em um camarote desses da noite, homens e mulheres desfilavam de um lado para o outro, todos absolutamente iguais no estilo e nas atitudes, girando em círculos, mirando em alvos humanos.
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E quer saber? Primeiro, eu achei graça. Depois, senti preguiça – não dela, mas sim da situação. É o que eu posso chamar de “modismo do que é certo”, nome até bonito para o já famoso e antigo “Maria vai com as outras”.
Sinceramente, acho boba essa mania da comparação. Muitos de nós, nos cobramos mais pela pressão que sofremos da sociedade do que da nossa própria vontade, já parou pra pensar? O que recebemos é uma avalanche de informações que ditam o que deve ser feito, caso contrário, corremos o risco de pagarmos de caretas, intransigentes ou fora de moda.
Tudo bem que admirar a grama verde e as árvores balançando com o vento no quintal do vizinho, pela janela do quarto é bom e nos trás paz, mas, observar um pouco o teto branco enquanto a mente vagueia por ideias e ideais, faz um bem maior, penso eu.
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Acho que a vida deve ser questionada e não somente tocada, como fazemos vez ou outra. É quase um exercício diário de entrega e desapego, onde numa mão a gente pondera o que quer e em outra abre mão de conceitos que já não nos cabem.
À essa mesma amiga que comentou sobre a tal festa, eu soltei uma frase que gosto muito: “Crescer dói”.Disse e digo isso, porque não faz muito tempo eu era igual, confesso. Só que aprendi que, ou eu parava de cobrar o êxito em tudo ou a vida seria sempre um peso.
Com isso eu não estou aqui afirmando que não se pode ter tudo, muito pelo contrário, pode-se e deve querer tudo, desde que não venha com a sensação gananciosa do sucesso. É algo meio do tipo: “O que vale a pena é participar”, e levando em consideração que todo campeão é alguém que participa, logo, as chances existem – entendeu a lógica?
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Já finalizando esse texto, lembro de um amigo que conheci no início da minha fase adulta, com quem encrenquei por diversas vezes ao longo dos nossos quase 15 anos de convívio, que rendem até hoje.
Ele, de temperamento forte, sempre ia pelo lado oposto – e acredito que ainda vá. Sua personalidade o permitia ir sozinho, caso fosse necessário, por uma linha de raciocínio, sem neuras e sem traumas.
Intransigente? Sim, um pouco, mas, agora compreendo o quanto ele não queria ser certo, mas sim, ser o campeão da sua própria vontade e com isso, se sentir em paz.
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E a ele, hoje casado, prestes a adotar uma filho, eu dedico o que está acima desta última linha, como também agradeço o que de certo modo me ensinou, afinal, se o certo for ser igual, igual a ele, eu quero ser diferente.
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