Rumpelstiltskin ou Rumpelstilsequim é o personagem homônimo e principal antagonista de um conto de fadas original na Alemanha. Este conto foi coletado pelos Irmãos Grimm, em 1812, sendo revisado em edições posteriores.

Um pobre moleiro, para impressionar o rei, com o objetivo fazê-lo casar com a sua filha, mente e diz a ele que ela é capaz de fiar palha e transformá-la em ouro.

O Rei chama a moça, fecha-a em uma torre com palha e uma roda de fiar, e exige-lhe que transforme a palha em ouro até a manhã, durante três noites, ou será executada.

A moça já tinha perdido toda a esperança, quando aparece um anão (em algumas versões um duende) no quarto e transforma toda a palha em ouro em troca do seu colar; na noite seguinte, pede-lhe o seu anel. Na terceira noite, quando ela não tinha nada para lhe dar, o duende cumpre a sua função em troca do primeiro filho que a moça tivesse.

O Rei fica tão impressionado que decide se casar com ela, mas quando nasce o primeiro filho do casal, o anão regressa para reclamar o seu pagamento.

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A Rainha, que havia esquecido-se dele, ficou assustada e ofereceu-lhe toda a sua riqueza, se este a deixasse ficar com a criança. O anão recusa, mas por fim aceita desistir da sua exigência, mas cria outra: se a Rainha conseguisse adivinhar o seu nome em três dias.

No primeiro dia, ela falhou, mas antes da segunda noite, o seu mensageiro ouve o duende a saltar à volta de uma fogueira e a cantar. E na musica ele diz seu nome Rumpelstilsequim. Quando o anão foi ter com a Rainha no terceiro dia, ela revela o nome dele, e ele perde o seu negócio, e cego de raiva, se divide em dois.

A heroína do conto é uma jovem bonita, mas pobre. E como heroína sabemos que ela irá resgatar e salvar algo.

No conto sua mãe é ausente, o que nos faz supor que ela pode ter morrido. Além disso, não havia uma rainha. Com isso podemos supor que a sua missão é resgatar o feminino que está desvalorizado. Seu pai ao mentir e dizer que ela transforma palha em ouro lhe dá um valor que mesmo não reconhecido existe nela.

O ato de fiar, tecer é essencialmente feminino. Um trabalho que exercita a paciência e que auxilia a natureza feminina a se desvencilhar do seu lado masculino.

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O ouro é algo de grande valor e incorruptível e nos mitos africanos está ligado a deusa do amor Oxum, a mais feminina dos Orixás. Podemos concluir, então, que ela está fiando e tecendo seu valor enquanto mulher e resgatando o feminino na consciência coletiva. Mas com isso ela terá de lidar com uma figura zombeteira, um anão ou duende. O anão simboliza pequenos impulsos de caráter engraçado ou vulgar.

Muitas histórias dizem que eles fazem o trabalho por nós, o que é o caso aqui. Entretanto, ele pede por três vezes algo de valor em troca. Mostrando que ela também deve dar algo dela mesma nesse esforço de resgate do feminino e que ela deve aprender a negociar, ao invés de competir como é típico do masculino.

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A questão das três provas é comum nos contos de fadas. Ao terminar pela terceira vez de fiar, o rei resolve se casar com ela. Mas ela se esquece do anão, ou seja, ela se esquece desse impulso brincalhão, mas que pode ser muito criativo. E esquecer um impulso faz com que ele retorne com mais força.

E ele retorna querendo o seu bebê. Mostrando que ela precisa resgatar seus impulsos maternos.

Para o feminino o amor é mais valioso que ouro. E como prova ela precisa conhecer o nome do anão. Isso significa que ela precisa nomear seu conflito.
Em psicoterapia quando damos um nome ao conflito, alcançamos mais consciência.

É um insight que nos diz: “agora sei o que eu tenho!”, o que facilita a assimilação. Ao nomear Rumpelstilsequim ela o traz a consciência e ele deixa de ser

uma força destrutiva e passa a ser uma força criativa que a ajudará a negociar com as demandas do mundo externo e interno sem perder sua feminilidade.

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Hellen Reis Mourão é analista Junguiana e especialista em Mitologia e Contos de Fadas. Atua como psicoterapeuta, professora e palestrante de Psicologia Analítica em SP e RJ. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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