Dormir até mais tarde não é sinal de preguiça. A cronobiologia, ciência que estuda os ritmos biológicos das pessoas, aponta que cerca de 15% das pessoas precisam dormir mais tarde, por volta das 3 ou 4 horas da manhã, e acordar mais tarde também, no período da tarde. Dormir menos do que o necessário pode causar problemas de saúde como diabetes, obesidade e problemas cardíacos.

As pessoas estão divididas em três grupos, afirma o professor de fisiologia da Universidade de São Paulo (USP) José Cipolla Neto. Cerca de 75% delas estão programadas para dormir em torno das 23h. Apenas 10% dos indivíduos se sentem bem dormindo cedo e acordando cedo. Cipolla afirma que mudar esses ritmos é impossível. “Quem está condicionado a dormir tarde e acordar tarde sofrerá para se adaptar ao resto da sociedade, que acorda cedo.”

A variação dos perfis cronobiológicos é resultado da vida moderna. Com o advento da iluminação artificial, por exemplo, as pessoas não são mais obrigadas a dormir durante a noite e podem continuar realizando suas atividades após as 18h. “A industrialização mudou radicalmente a relação do ser humano com o meio ambiente. Mudaram os turnos de trabalho, o que mudou a organização social”, explica Cipolla.

Dormir bem, entretanto, é necessário. A médica do instituto do sono Luciane Fujita afirma que um adulto deve dormir pelo menos 7 horas por noite para ter uma vida saudável. “Quem é privado de sono, se não consegue recuperar essas horas, tem mais facilidade para adoecer.”

OBESIDADE – Entre as doenças mais comuns causadas pela privação do sono está a obesidade. Dormir pouco altera o metabolismo e, portanto, a pessoa tem facilidade para engordar. Diabetes e problemas cardíacos também podem ser agravados pela falta de sono.

Logo na infância é possível identificar o perfil cronobiológico. Luciane explica que, nessa fase, o ideal é estabelecer rotinas que respeitem o relógio biológico da criança.

Na vida adulta, bastam algumas questões para descobrir qual o melhor horário para dormir e adaptar suas rotinas às necessidades biológicas. “A pessoa deve se perguntar em qual período do dia se sente melhor, em qual horário está mais disposto”, diz Luciane.

Uma vez identificado o perfil, é importante que os horários sejam respeitados. “Não dá para ensinar o relógio biológico. O ideal é que cada um escolha uma profissão adequada a seu tipo, mas isso nem sempre é possível”, afirma Cipolla.

(Fonte: http://veja.abril.com.br)

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