Uma relação serve para tornar a vida dos dois melhor do que estar só.
Um mais um podem ser três.
Sabemos de casos, e muitos, onde um mais um diminui.
Numa união estanque, sem criatividade, sem abertura e complementaridade, alguém desaparece.
Se houver um ou mais motivos determinados, específicos para essa relação, pode ser uma armadilha que dispara com o tempo e cobra seu preço.
Na solidão temporária e necessária, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Só, se respeita os outros e se entende as diferenças.
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Assim como quem não aprende a morrer, não vive plenamente, quem não sabe ficar só não aprende a se relacionar.
Mas a maioria das pessoas busca no outro o que deveriam buscar em si mesmas.
Idealizam o parceiro, criam expectativas, se defendem da espontaneidade, esperam acontecimentos e atos que não ocorrem (porque não é desejo do outro) e depois se frustram.
“Se dentro de você um paraíso não achar, desista de vez, porque fora nunca vai encontrar”, disse Angelus Silésius, o místico medieval.
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Um filósofo, Ralph W. Emerson dizia que só somos sinceros quando estamos sós.
Na entrada de outro protagonista, nos cercamos de jeitos e trejeitos, máscaras e cuidados que mostram o que não somos. Escorregamos na auto-estima e se perdemos a individualidade, perdemos muito portanto, da atratividade, que é o ser espontâneo que cada um tem quando criança e vai perdendo nos condicionamentos. E então acabamos atacando os vínculos por insegurança.
Claro, não somos mais nós! O outro pode não gostar de você se você for como é? A vida não pode ter amarras e por isso só as pessoas livres são capazes de amar. O amor tem que ser de parceria. “Amo-te porque não preciso de ti”, o verdadeiro amor.
Relação saudável, expansiva, criadora, desenvolutiva, diferentes, mas complementares.
Comunhão de sonhos possíveis e projetos realizáveis.
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Se precisar, vira necessidade, interesse ou vampirismo emocional. Uma complementaridade saturada.
Eu sou a relação que ofereço ao outro. Também conheço o outro pelo tipo de relação que estabelece comigo e pelo tipo de relação que suscita. E tudo irá depender da reação perante o novo e desconhecido. Se predomina o medo, pode haver fuga (mesmo estando presente). Se predomina o fascínio, teremos uma conquista.
Nessa nova relação, a criação é uma obra a dois, ou pelo menos de um para outro, como diz o Mestre Coimbra de Matos, que continua… “não criaria nada de novo, de criativo, apenas para mim próprio, por mais narcisista que eu pudesse ser – criaria apenas um universo de inutilidades em volta do meu inútil umbigo (por mais amado que ele possa ser). O que criou Narciso? Nada, apenas se deixou morrer”.
Do livro Relação de Qualidade – Penso em ti. Pág.84. Editora Climepsi. As coisas não são como são, são como nós somos, escreveu Anais Nin. Nossa percepção e comportamento determina o mundo que nos cerca. A relação não saturada e complementar exige um ficar a vontade, espontâneo, as vezes até idiota, criança principalmente, brincalhão e criativo. As vezes falar, as vezes ficar quieto. Muito de ouvir, sem estar preparando a resposta. Dois separados que se estimulam, com menos máscaras possíveis, poder contar, confidenciar, pedir ajuda.
Ficar em casa, sair de casa, ter vontade de voltar para casa, onde tem alguém esperando. Cantar, rir sem medo de se expressar. O Eu na totalidade possível..
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Se há o amor, não se preocupe com fórmulas e definições. Há liberdade. Ame. Você primeiro, Perdoe aos outros e principalmente a você por experiências mal sucedidas e desconstrua suas memórias, e, quando você tendo ficado só, estiver feliz e livre das amarras e frustrações do passado, feito o luto das experiências negativas e aprendido com elas, então poderás amar o outro.
Despir-se. Não a nudez do corpo somente, que essa é a mais fácil. Mas nudez poética como diz Rubem Alves.
Aliás, ele falava da diferença entre os casais que jogavam Frescobol e Tênis. No tênis, se joga para ganhar. No frescobol pede-se desculpas quando erra, ninguém marca e ninguém perde para que os dois ganhem, dizia o psicanalista e poeta.
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Não é permitido nem superioridade, nem humilhação, nem controle, nem submissão, porque carregamos nossa genética, nosso aparelho psíquico com todas as influências próprias e ninguém muda ninguém.
Só mudamos no verdadeiro “encontro” emocional.
Mudamos nos encontros com a experiência emocional vivida, se quisermos. As vezes é melhor que sempre. Sempre, vira obrigação, que restringe, amordaça, escraviza, fecha.
Se cada um se saturar numa união fechada, perfeitamente enquadrada, morre a criatividade e o crescimento mútuo. Ter sempre razão é perigoso. Sobre o amor não se teoriza. É o melhor dos jogos, e um interessante trabalho de reconhecimento do outro.
Como você reage ao sofrimento e à frustração, sua capacidade de lidar com os conflitos, sem controle, nem submissão, pode ser o que faz a diferença.
O amor é coisa fugidia…
Mas recria-se dia a dia.
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