– Quer ajuda?
– Muito obrigado, mas não precisa.
– Ah, não é questão de precisar, é que lhe ajudaria com o maior prazer!
– Certo, novamente obrigado. Muito atencioso de sua parte, mas não precisa mesmo.
– Tem certeza?
– Tenho. Obrigado.
– É por orgulho?
– Não, é que não precisa. E, se não precisa, para que incomodar?
– Iiiiiiirmão, qué isso? Não incomoda nadinha de nada! Já disse: lhe ajudo com o maior prazer. Afinal, amigo é pra essas coisas, não é mesmo?
– Mas nós mal nos conhecemos!
– Tá vendo? Olha o tamanho da generosidade desse cara aqui: oferecendo ajuda de grande amigo a quem mal conhece! E você fica aí com essa cerimônia, recusando minha ajuda por vergonha…
– Mas não é por vergonha. É como já disse, não precisa mesmo.
– Tem certeza?
– Tenho.
– Certeza absoluta?
– Absoluta!
– E se eu for embora e você precisar de alguém para lhe ajudar?
– Não se preocupe. Vá tranquilo. Se precisar, chamo alguém lá de casa.
– Ah, então é isso?
– Isso o que?
– Ajuda de “alguém lá de casa” presta, mas a minha não presta? Eu lhe oferecendo ajuda e você me discriminando dessa maneira?
– Hein?
– Mas é assim mesmo. Ligo não. Mas sabe o que? Não estou mais disposto a lhe ajudar e nem adianta insistir. Eu é que não vou gastar meu tempo precioso para ajudar gente que se acha superior e vem para cá para cima de mim assim cheia de meritocracia. Se vire sozinho, pois não vou ajudar! Vou é embora!
– De acordo. Até logo!
– Até logo coisa nenhuma! Até nunca mais, seu egoísta coxinha mortadela vira-lata esquerdopata comunista terrorista fascista anarquista capitalista de segunda categoria!
– ???