Ela dizia que vivia com um homem que a tratava mal e a fazia chorar todos os dias…

Sabem, eu já chorei muito nesta vida por causa dos homens. Muito mesmo. Acho que nem sei dizer quantas foram as vezes que chorei, que me perdi, me esqueci, me despedacei até me jogar no fundo de um poço escuro.

Mas eu renasci, aprendi, reconstruí minha vida, daí chorei de novo, sofri de novo, saí dessa de novo e voltei a cair outras trezentas vezes. Então, depois de tanto sofrer e chorar, eu hoje digo que prefiro milhões de vezes alguém que me arrebata a alguém que me faça chorar.

Isso me fez lembrar da vez que conheci um rapaz, anos atrás, e ele, todo lindo e livre, pulou um muro, roubou uma rosa vermelha e me deu junto de um beijo… Outro que me fez ouvir solos de guitarra quando o beijei… E aquele outro que me roubou um beijo no meio da festa sem perguntar sequer o meu nome…

Eles não me fizeram chorar. Nenhum deles.

Os que me fizeram chorar foram os que tentaram levar meu coração com eles, sem sequer se importar se eu ficaria bem. Os que me fizeram chorar foram os que me fizeram promessas e não cumpriram, os que tiveram medo de me amar, os que brincaram de amor comigo. Esses homens, eu não quero mais.

Também não quero cópia da cópia de nenhum deles e também não quero saber se os verei de novo. Talvez, a lembrança de um arrebatamento momentâneo deixe mais o seu perfume no coração do que todos os que nos fizeram chorar pelos caminhos do amor.

Queremos pessoas que nos arrebate, que mude nossa vida de cabeça pra baixo, mesmo que isso dure um dia, uma semana, uma hora! Queremos beijos quentes e molhados, abraços apertados contra a parede, escapadas divertidas, brincadeiras sob a lua enquanto ele te recita poesias… Queremos o coração acelerado, o aperto de mão, o olhar profundo. E mesmo que tudo isso não dure, ah, que se dane se for só por essa noite!

A certeza será que, por aquela noite, esse alguém não te fará chorar, não te fará sofrer, não te dirá coisas que não gostaria de ouvir. E mesmo que dure mais tempo, quem sabe, uma vida inteira, que seja arrebatada todos os dias pela pessoa que escolheu.

Que seu amor seja aquele que não te cause dores, não te cause arrependimentos, nem culpas, nem frustrações. Que não seja alguém que te diminua, que te esconda ou que te faça de escrava.

Que seu amor seja aquela pessoa que te respeita, que ri contigo, que te ouve, que te beije gostoso todos os dias e que te olhe como se fosse a primeira vez e que te diga sempre o quanto você é especial e incrível.

Não aceite menos que isso. Não aceite menos do que alguém que faça seu coração bater descompassado e que segure firme sua cintura e te diga que “a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi encontrar você.”

Nada menos que isso.

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Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor do amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.

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