Quando você quer esquecer alguém. Te dizem que é o tempo. Que o tempo cura todas as feridas. Que ele faz você esquecer o passado naturalmente. Mas nada disso é verdade.
Dizer que o tempo cura algo é simplificar todo o processo. Porque quando você embarca nesse navio rumo ao desapego. Ninguém te conta que irá chorar por semanas lembrando aquela pessoa. Que terá 30 encontros péssimos e quebrará a cara algumas vezes, até recuperar a sua autoestima. Que sentirá saudade até do amigo chato dele, que você odeia. Simplesmente porque qualquer coisa que te lembra dele, aumenta a sua sensação de pertencimento.
Ninguém te conta que terá que se policiar para não falar o seu nome quando conversa com algum parente ou amigo. Porque falar sobre o assunto dói. Porque mencionar o nome da pessoa rasga a alma.
Ninguém fala do difícil que é arrumar-se para ir a uma festa com as amigas quando tudo que se queria era estar nos braços de quem se ama. Da negação interna e dolorosa que existe ao postar vídeos e fotos, tentando se convencer que está tudo bem, quando não está tudo bem. Quando se queria desabar, quando se queria um abraço, uma declaração de arrependimento ou pedido de desculpa em frente à sua porta.
Ninguém fala da dificuldade de vê-lo seguir em frente. Dos ciúmes ao vê-lo beijando outras pessoas. Das crises de abstinência ao não tê-lo por perto.
Ninguém fala das recaídas e das ligações pedindo um pouco de atenção. Da vergonha em submeter-se à humilhação. E da vontade incontrolável de fugir de si mesma. Mas tudo isso é normal. Nada disso é um castigo, mas uma oportunidade. E se você não entende isso. É porque ninguém te contou que não era o tempo. Mas a forma como você encara.
A sua perseverança para reconstruir a sua autoestima. E a sua capacidade de ressignificar o mundo. A força interior que começa arrumando a cama ao acordar e termina quando você não procurou saber nada da vida dele até o fim do dia.
Se você está querendo esquecer alguém neste momento e está parada abraçada ao medo esperando tudo isso passar naturalmente. Saiba que não é o tempo. Nunca é o tempo. É o que você faz com esse tempo. É como você permite que a vida te trate até preencher todas as horas. Porque às vezes demora cinco meses esquecer. E às vezes demora cinco anos.
Você nunca sabe quando vai acabar a dor. Você só sabe que está mais perto ou mais longe. Dependendo de quanto você esteja lutando. Para que isto aconteça.