1Não IA

Quando se perde a mãe

Um abraço de mãe é; confortável, indispensável, um belo refúgio e verdadeiro.
Uma palavra de mãe é; suficiente, eficiente, sempre certa, dita na hora certa, também confortável e indispensável.
A cama de mãe é; onde estão os lençóis mais cheirosos, onde você pega no sono assim que se deita, a mais fofa dentre todas as que existem, mesmo que tenha um colchão de tábua é sempre a mais confortável.
Amor de mãe é; verdadeiro.

Agora imagine viver sem TUDO isso…

Imagine como seria deitar na cama e não mais sentir o cheiro recente dela. Imagine precisar de uma palavra de conforto, porém, receber apenas palavras indiferentes. Imagine querer um lugar para se abrigar, e até encontrar um abrigo, mas ninguém que te abrigue.

Quando se perde uma mãe, não só se perde uma mãe; se perde o único abraço verdadeiro. Possa ser que existam outros abraços (abraços de outros) assim, mas… você nunca terá a certeza de que os outros são verdadeiros tanto quanto. Você fica sem saber a quem pedir conselhos ou de quem aceitar, pois, o conselho de mãe é sempre dado para que você não erre ou não cometa o mesmo erro, é para que você seja alguém na vida, já os outros conselhos (conselhos de outros) você também não tem como saber se são verdadeiros ou bem intencionados tanto quanto. Quando se perde uma mãe, aquela cama já não é mais a mesma. Não mais lhe trás sono, apenas saudades. Na gramática da vida de quem perde a mãe, o termo (status) órfão é sinônimo de perdido. Quando se perde a mãe, se descobre que o melhor despertador não é aquele em que se ajusta a hora e se houve um trililim, mas sim aquele que diz “acorda menino, é hora de levantar”.

E quem faz as coisas com um único objetivo; dar orgulho…?

Imagine… Você conclui os estudos, entra na faculdade/universidade, tudo para ser aquilo que sua mãe sempre quis que você fosse; médico (a), professor (a), engenheiro (a)… Alguém na vida, com um futuro que não seja tão incerto. De repente… Sua mãe se vai para todo o sempre. A quem dar orgulho? A quem dizer “eu não disse que eu iria conseguir?!” e pior ainda… De quem você irá ouvir: “eu sabia que você iria conseguir!”. Depois que se perde a mãe, o jeito é acreditar que ela está vendo tudo “lá de cima” e, mesmo não estando ao nosso lado, sentirá orgulho do mesmo jeito, do contrário, nada iremos fazer já que a mulher à qual queríamos dar orgulho já não está mais entre nós.

Muitos filhos aprendem a valorizar as suas mães só depois que as perdem. É quando a vontade de querer voltar no tempo para fazer tudo diferente aparece. Sabe aquele filho que bateu o pé e fez cara feia quando sua mãe pediu para que fosse à venda da esquina comprar algo? Então… Esse filho, hoje sem mãe, daria tudo para que ela estivesse aqui, nem que pra isso ele tivesse que ir até Plutão comprar aquilo que ela pediu certa vez. Cara feia? Não! Jamais! Ele nem esperaria ela pedir. Se antes era ela quem vivia no pé dele para que ele fizesse alguns favores para ela, hoje seria ele quem viveria no pé dela perguntando o tempo todo se ela está precisando de algum favor.

Leia Mais: Mãe, obrigada por ser…

Os filhos que ainda têm a sorte de terem suas mães por perto não têm noção da raiva que os filhos que já perderam as suas sentem ao vê-los batendo o pé, fazendo cara feia, resmungando, respondendo a altura tentando se igualar, rejeitando conselhos dados por elas, rejeitando carinhos ao invés de recebê-los e retribuí-los, etc. Nossa… Se os filhos que ainda têm suas mães soubessem a falta que faz aqueles beijos na bochecha que elas adoram dar em público e que eles consideram vergonhosos… Se soubessem, valorizariam mais. BEM MAIS! DEMAIS ATÉ!!!

Enquanto muitos reclamam o fato de suas mães sempre marcarem presença em horas impróprias, como encontros de amigos, por exemplo, os filhos que já perderam imploram para vê-las ao menos em sonhos e, reclamam com a morte por ter sido audaciosa ao deixá-los sem elas. Vivem fazendo perguntas e nunca obtêm respostas. A mais freqüente é; “por quê a tiraram de mim?”. E algumas outras são:

Por que ele que não dá valor a mãe, ainda tem mãe e eu não tenho?
Por que sinto inveja quando vejo uma mãe abraçando um filho?
Por que sinto ódio quando vejo um filho rejeitando o carinho da mãe?
Por que Deus não adiou a passagem dela? Dessa forma ela se orgulharia de mim por ter me visto terminar os estudos, me formar, construir uma família
Por que ela se foi há anos, mas ainda sinto como se tivesse sido ontem?

Há filhos que perderam suas mães há 1 ano, 5, 10, 20, 30 anos, mas a vontade de reencontrá-las é a mesma de sempre, senão maior, a durabilidade da tristeza que sentem é proporcional ao tempo em que elas se foram, senão mais.

Todos os filhos que já perderam suas mães aconselham:

. Não espere ela pedir, ofereça antes.
. Não reclame, apenas abaixe a cabeça, pois ela sempre está com a razão. Pode até ser que não, mas… Você é inferior. Se ela diz que está, então você está. Não espere que ela se vá para todo o sempre para aceitar isso.
. Não duvide. Vindo dela sempre será a mais pura verdade!
. Não bata o pé! Bata palmas para tudo que for feito por ela.
. Não rejeite a presença de sua mãe, pois nada nem ninguém irá compensar a ausência dela.
. Não seja impaciente com os momentos depressivos dela, pois, você talvez seja a causa disso e, mesmo que não seja, tente ser, além de filho, amigo, e dê o que ela precisa; atenção, carinho, etc.
. Nunca pense que os favores que são pedidos por ela têm como objetivo te fazer de escravo “só pelo fato dela ter te posto no mundo”. Você tem uma dívida com sua mãe no valor de R$ ser 1 bom filho.
. Nunca rejeite os carinhos e os conselhos. Todos eles são dados para te fazer feliz e para te proteger, nem que para isso ela tenha que fazer o possível e o impossível.

Vale frisar: Não faça como muitos que só aprenderam a dar valor depois que perderam. Não entre nesse time, é triste demais! Faça muito por ela e, quando/se você perdê-la, verá que poderia fazer ainda mais.

Não tenho filho, mas tenho certeza de que não há felicidade maior para uma mãe do que saber que é amada pelo filho e ainda mais quando ele demonstra isso. Felicidade pra ela, nenhum esforço pra você! Por tanto… Se você tem a sorte de ter sua mãe ao lado, desfrute desta sorte e não só diga que a ama como também demonstre, sempre, sempre, sempre!

(Autora: Juliana Ladeira)

Fãs da Psicanálise

A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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  • Que bacana. Escrevi este texto aos 16 anos, perdi minha mãe aos 15, e hoje estou com 33. Meu objetivo ao escrevê-lo foi alertar meus primos, amigos e colegas de classe, mas desde que publiquei na internet ele vive sendo republicado e sempre recebo e-mails de professores que pedem permissão para repassá-lo para seus alunos, em especial no Dia das Mães. É claro que, se eu pudesse, faria muitas alterações; teria muito mais para falar hoje e deixaria mais "maduras" algumas passagens. No entanto, cada palavra desta mensagem, cada acento fora do lugar e cada "pecado gramatical" carrega a dor que eu sentia.

    Na parte que diz: "Há filhos que perderam suas mães há 1 ano, 5, 10, 20, 30 anos, mas a vontade de reencontrá-las é a mesma de sempre, senão maior [...]" Como fazia só um ano que minha mãe havia falecido, a parte dos 5, 10 e 20 anos foi uma hipótese. Dia 18 de outubro de 2018 fará 18 anos e posso afirmar que escrevi, sem querer, o que eu sentiria no futuro.

    Grande abraço!

    • Obrigada Juliana por escrever um texto tão sensível e que tem tocado tantas pessoas. Um grande abraço.

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