Comportamento

QUANDO SE CALA NÃO NECESSARIAMENTE SE CONSENTE

Algumas pessoas têm a necessidade de falar sem parar, indiferente do assunto abordado. Não importa se é para defender enfaticamente seu ponto de vista, para criticar ou elogiar, mas a impressão que se tem é de que o silêncio incomoda.

Provavelmente, o seu ruído interno seja alto demais para lidar e a maneira encontrada para tal, possa ser a fala compulsiva.

Para muitos, o silêncio é a falta de palavras e acaba por ter uma conotação negativa, vinculado à solidão.

Existe uma confusão quanto a isso, o ato de silenciar nos obriga a voltar a atenção para dentro de nós mesmos. É em silêncio que conseguimos ouvir nossa intuição e selecionar os pensamentos que nos fazem bem.

Leia mais: Sobre os nossos silêncios

A mente produz milhares de pensamentos diariamente, quantos desses são realmente nos beneficiam? Quanta energia não perdemos com pensamentos negativos, com formulações de hipóteses que envolvem outras pessoas, traçando objetivos inalcançáveis para nossa vida ou mesmo especulando sentimentos alheios sem nem ao menos conversar a respeito?

Alguns autores afirmam que o silêncio é um espaço diferencial da linguagem, ou seja, é o espaço que permite a linguagem significar.

Em outras palavras, pode ser entendido como o espaço necessário para a compreensão do que foi dito.

Leia mais: “Quer calar a boca?”: a importância de desfrutar de duas horas de silêncio por dia

Deixar espaços em branco, sem fala, faz parte do convívio social e cognição, mas é fundamental para a relação intrapessoal, o que significa saber ouvir os próprios pensamentos, entender os sentimentos e ter o discernimento para refletir sobre a própria vida.

Em uma discussão, por exemplo, muitas vezes, silenciar não significa consentir com o que a outra pessoa está dizendo, apenas mostra uma percepção, naquele momento, de que não adianta continuar a discussão tentando apresentar um outro ponto de vista porque ela não está disposta a ouvir; é o que popularmente se conhece com dar murro em ponta de faca.

Leia mais: O que aprendi com o silêncio

Portanto, nosso almejado equilíbrio interno só é possível quando nos silenciamos. E para isso é preciso deixar para trás a hábitos antigos e a conotação negativa sobre o silêncio e (re)aprendermos a nos comunicar silenciosamente, seja por gestos, sorrisos ou olhares.

Referência:

FURNHAM, Adriano. 50 ideias de psicologia que você precisa conhecer. 3. Ed. – São Paulo: Planeta, 2015.

SILVA, Herbert dos Santos. Intuição.com Você na Nova Era. São Paulo: OL Editorial e Comunicação Ltda, 2000.

TFOUNI, F E V. O interdito e o silêncio: duas abordagens do impossível na linguagem. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v.8, n.2, p.353-371, mai/ago 2008. (http://www.scielo.br/pdf/ld/v8n2/08.pdf acessado em jan.17)

http://www.monjacoen.com.br/entrevistas/38-entrevistas/425-silencio (acessado em jan.17)

Natalia Garrido

Bióloga e Microempresária. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

Share
Published by
Natalia Garrido

Recent Posts

Realidade virtual e aumentada: o futuro da imersão de iGaming

Nos últimos anos, a indústria de iGaming (jogos de apostas online) passou por transformações significativas,…

4 semanas ago

A compulsão por jogos sob a perspectiva da epigenética e da constelação familiar

Utilizando terapias para uma nova abordagem ao problema A compulsão por jogos cresce na sociedade…

4 semanas ago

As melhores estratégias para jogar em cassinos ao vivo

Agora, a indústria de jogos de azar online está crescendo, o que não é surpreendente,…

2 meses ago

Três jogos de cassino populares que tiveram seu início na televisão

Muitos dos jogos de cassino mais famosos existem há séculos, como o Blackjack e a…

3 meses ago

Princípios básicos e regras do blackjack

Princípios básicos e regras do blackjack Blackjack é um jogo de cartas popular em cassinos…

3 meses ago

Eu tenho medo da maldade das pessoas

Algumas pessoas têm medo de aranha, outras de morcego, muitas temem cobras. Eu tenho medo…

3 meses ago