Histórias de superação mostram que a capacidade de transformação do cérebro é fantástica, mas não acontece como um milagre: depende de muita persistência e repetição.

Os jornais ingleses noticiaram recentemente que, onze anos depois de ter sofrido um derrame que imobilizou todo o seu corpo, a inglesa Dawn Faizey recebeu seu diploma de graduação em Artes Ancestrais.

Se permanecer vivo depois de perder todos movimentos (com exceção dos olhos) já é um grande desafio, conseguir um diploma diante de tantas dificuldades é uma grande vitória da persistência sobre o conformismo.

Estima-se que 90% das pessoas com essa terrível condição, conhecida como Síndrome de Locked In – ou do Enclausuramento – acabam morrendo em menos de quatro meses.

Apesar de apresentarem a capacidade intelectual intacta, assim como a visão e audição, vivem trancadas no próprio corpo, sem poder engolir ou se comunicar.

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Isso acontece quando o AVC atinge o tronco cerebral, a parte mais primitiva e vital do encéfalo, que faz a ligação da medula espinhal com o cérebro.

Calada, a consciência geralmente busca na morte a única forma de se libertar.

Assim como o jornalista Jean-Dominique Bauby -, protagonista do filme francês O Escafandro e a Borboleta, adaptado do livro homônimo – Dawn utiliza o movimento dos olhos para ditar seus pensamentos.

A diferença é que, com o avanço tecnológico das últimas décadas, ela teve a chance de estar equipada com um computador que decifra suas piscadas, enquanto Bauby contava com a dedicação de uma assistente. “Meu computador é meu salva-vidas”, declarou ela quando recebeu os méritos acadêmicos.

Mesmo com a ajuda desse recurso, foram necessárias várias semanas para que cada exame fosse finalizado, pois a velocidade com que ela registra seus pensamentos na máquina se limita a uma média de 50 palavras por hora.

Em breve, vítimas de derrames que levam a essa condição terão ainda mais facilidades para se comunicar.

Na Universidade do Tenessee, cientistas do Laboratório de Interface Cérebro-Computador desenvolveram um teclado virtual, controlado por ondas cerebrais. Uma touca com eletrodos é ligada ao monitor e, cada vez que aparece no teclado virtual a letra desejada, o cérebro emite uma resposta captada pelo aparelho.

Por enquanto, são necessários cerca de 40 segundos para que cada letra seja escolhida. Mas a equipe trabalha duro para acelerar essas respostas e utilizar programas que antecipem quais as palavras que o usuário estaria ditando.

Nenhuma tecnologia disponível ou sendo projetada, no entanto, dispensa a força de vontade necessária para a adaptação a uma vida tão limitada, assim como para a utilização desses instrumentos.

Quem sobrevive a essa prisão mais sombria revela a incrível capacidade de resiliência do ser humano diante da necessidade vital de se comunicar.

Leia mais: Resiliência – A capacidade de superar momentos difíceis

Mais impressionantes ainda são os casos em que a vontade de superar um condição desafiam todas as certezas da medicina.

Recentemente, o professor Richard Marsch lançou o livro Locked In, em que narra sua trajetória rumo à recuperação, também depois de ter perdido todos os movimentos.

Em seu relato, ele conta que os médicos disseram à família que as chances de continuar vivo era de 2%.

Contra todas as previsões, ele não apenas sobreviveu para contar a história, como recuperou todos os seus movimentos e hoje leva uma vida normal.

Ótimo incentivo a terapeutas que trabalham na recuperação de vítimas de derrames, seu livro é mais uma prova de que a capacidade de transformação do cérebro é fantástica, mas não acontece como um milagre e não escolhe quem tem sorte: depende de muita persistência, repetição, confiança em si e amor pela vida.

(Autora: Michele Müller)
(Fonte: brasilpost.com.br )

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A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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