O silêncio será a melhor pedida em muitos momentos de nossas vidas, principalmente quando estivermos nervosos e contrariados, ou quando estivermos sendo importunados por gente sem importância.

No entanto, deixar de dizer o que deveria ter sido dito em alto e bom tom, a quem nos ama de verdade, pode nos trazer arrependimentos futuros, quando o outro não estiver mais ali ao lado.

O tempo não para, a vida corre e escapa aos nossos planos, às nossas certezas, trazendo imprevistos que desarranjam tudo aquilo que planejamos, plantando incertezas em nossos jardins, tornando-nos suscetíveis a quebras de expectativas constantes. Nada é certo nessa nossa jornada, ninguém nem nada serão para sempre. Um de repente inesperado pode mudar do avesso nossas vidas, assim, sem mais nem por quê.

Quando, então, a gente se vê sem aquela pessoa que tanto amamos ao nosso lado, tem que lidar com essa ausência, que dói, que machuca, que bagunça toda a carga emocional aqui dentro. O que em muito nos ajudará a prosseguir com esse vazio serão as lembranças de tudo o que compartilhamos com quem se foi, pois o amor é o que fica, quando tudo o mais se vai.

Por isso é que não podemos silenciar o amor que sentimos, a gratidão que nos invade, a felicidade que nos preenche, porque regar sentimentos é uma necessidade diária, para que mantenhamos sempre por perto quem nos é especial. Tudo o que calamos, tudo o que não dizemos, vai se tornando adeus, vai afastando quem não recebe de volta a verdade que traz junto de nós. As pessoas se cansam de terrenos áridos e tomam a iniciativa de sair dali. E a gente fica sozinho, remoendo tudo o que deveria ter sido dito e feito e demonstrado.

Uma das piores sensações que existem é perceber que já é tarde demais, porque o que não tem volta nunca mais será mudado. Tudo o que deixamos de dizer vai se tornando adeus. Expressarmos o que sentimos, deixando bem claro às pessoas queridas o quanto elas são importantes em nossa vida, o quanto somos gratos, fará um bem enorme, tanto para nós quanto para quem receber o nosso carinho explícito.

É assim que a gente consegue sobreviver às perdas e aos rompimentos dessa vida. É assim que os adeuses se transformam em doces e esperançosos “até breve”.

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Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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