A definição vai nos levar pelo que “falta”. Na maioria das vezes, falta carinho. Ela é um mal que atinge aos mais distraídos e, claro, aos que se concentram demais em querer enxergar algo onde não existe nada daquilo. E esse talvez seja o pior sintoma da carência. Ela ludibria os olhos, engana o coração, ilude as emoções da pessoa pra que ela ceda e, num momento de fraqueza, faça ligar pra quem não se deve.
A gente poderia enumerar mil tipos de carência, mas é fato que a palavra na sua maioria de vezes será relacionada aos afetos. O carinho que disse lá no começo. O que sempre digo é que as pessoas precisam analisar sua carência. Deitá-la no divã mesmo, tentando perceber os motivos dela ter aparecido e saber de que modo se pode tratá-la.
Quando a carência é por sair de casa, fazer um programa legal, os amigos podem estar longe. Liga, marca, se faça presente. Nada de errado nisso. Quando a carência é de uma companhia para um cinema, um jantar, uma balada, eu também indico amigos e família. Esses são afetos próximos que, nessas horas, negligenciamos.
Agora, quando a carência vem em forma de fogo incontrolável num sábado à noite e que faz subir pelas paredes querendo ligar para aquele safado, cachorro, cafajeste e sem-vergonha que só vai te usar, te dar uma noite maravilhosa e sumir (CONTANTO QUE ELE NÃO SEJA SEU EX), tudo bem. Pode ligar.
Pode chamar.
Pode mandar aquele “oi, sumido” por mais que um “oi, sumido” seja o sinal de desespero total numa situação dessas e você não tenha um bom vibrador para te fazer quietar a periquita por um tempinho. É preciso saber quando se chegou ao fundo do poço. É como se olhar no espelho e dizer “tô com falta de rola mesmo, preciso ir às últimas consequências”. Mas aguente-as.
Agora, em hipótese alguma confunda carência com saudade. Carência com Amor. São coisas completamente diferentes. Carência passa logo depois de suprida. Saudade é o que fica. Não aparece assim, do nada e se vai de repente. Amor, então, é bem mais que uma noite, uma fuga da rotina. Carência é o sentimento mais ralé que podemos sentir. E que passa tão sem graça quanto chega.
No final, a única coisa que pode nos dar é uma bela dor de cabeça ao vermos o tamanho da cagada feita no momento em que a carência supera qualquer razão.
(Autor: Gustavo Lacombe)
(Fonte: eoh)
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