Esses títulos no imperativo nunca fizeram muito o meu estilo. Sempre fui dada a sutilezas e tenho a sensação de que o imperativo, além de pretensioso, soa um tanto sensacionalista. Não é do meio feitio gastar imperativo à toa.
Também sempre tive certa cautela com o excesso de exclamações. Tenho TOC com pontuação e sempre tive a impressão de que as exclamações, assim como os palavrões, precisam ser usadas com cerimônia para não perderem a importância.
Vocês sabem: falar p*rra uma vez chama a atenção, mas falar toda hora é falta de educação. Tem que falar com parcimônia.
Estou dizendo tudo isso só para deixar claro que esse texto não é uma bronca nem uma lição de moral. Esse texto é apenas um desabafo que eu espero que se converta em conselho útil àqueles que me leem e esse título chamativo só serve para dizer que bem-estar emocional é um tema importante demais para ser tratado com desdém.
Eu só quero usar todos os recursos linguísticos que estão ao meu dispor para dizer que embora esse tema soe engraçado no meme que fala que você investiga melhor que o FBI, na vida real ele pode se tornar um hábito obsessivo e devastar o seu estado emocional. Eu só quero dizer que stalkear é coisa séria! Real oficial!
Eu já escrevo na internet há alguns anos, sempre escrevi sobre relacionamento e inevitavelmente sempre estive atenta às questões que permeiam os relacionamentos à minha volta. Além disso, eu também vivo relacionamentos, também sou usuária assídua de redes sociais, também padeço de um monte de sentimentos esquisitos e eu sei que é tentador.
Eu sei que é tentador fiscalizar as curtidas, os comentários, os seguidores e os corações. Eu sei que é tentador fiscalizar as fotos, os stories, o snapchat e gozar dessa falsa sensação de controle constante da vida das pessoas.
Eu sei que tudo isso é tentador e bastante alimentado pelas facilidades das redes, mas também sei que é um tanto destrutivo e me sinto na obrigação de dizer que esse controle, além de ser ilusório, pode criar uma rotina de fiscalização que beira a obsessão e em regra só rende maus frutos às relações e emoções.
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Arrisco dizer que uma relação que causa insegurança a ponto de incentivar alguém a fiscalizar a vida do outro nas redes sociais está praticamente fadada ao fracasso.
Não é preciso ser um grande estudioso para saber que as impressões que as redes sociais nos passam são um tanto fantasiosas e superficiais e que tomá-las como verdade pode ser um baita alimento para paranoias e inseguranças que deveriam morrer de fome em qualquer relacionamento minimamente saudável na vida real.
Quando as redes sociais são de um(a) ex, por sua vez, eu desconfio que esse veneno tenha poder dobrado. A falsa sensação de acesso às informações de alguém que já não faz parte da nossa vida, além de alimentar um monte de sentimentos terríveis como o ciúme e a possessividade, cria a ilusão de manutenção da ligação com o outro e certamente vai resultar em sofrimento.
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É essencial se proteger disso por todos os lados e pedir inclusive para ninguém te contar aquilo que já não deveria fazer parte dos seus interesses. É preciso fazer esse esforço para se proteger. Ainda que a curiosidade aperte e o ciúme perturbe, não adianta nada saber.
O que eu quero dizer com tudo isso é que a gente precisa se policiar. Sei que é impossível se blindar completamente das informações, sei que às vezes a curiosidade incomoda, sei que é difícil viver na bolha da ausência de informação, mas eu desconfio que a gente precisa ter a sensibilidade de se proteger quando esse controle começar a machucar.
A gente precisa começar a se cuidar.
Fonte: Entenda os Homens
Autor: Duda Costa
*Texto reproduzido com autorização do site parceiro.
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