Sabe aqueles pés-na-bunda que partem o nosso coração, nosso ego, nossa autoconfiança e nossa autoestima, tudo de uma vez? Pois é. Uma vez eu tomei um desses.
O roteiro era aquele de sempre. Eu gostava do cara, saía com ele, ele não gostava de mim, saia comigo… Aí de uma hora pra outra ele resolveu me dar um chega-pra-lá e em menos de um mês estava feliz da vida namorando e declarando amores publicamente a outra menina, que eu ainda por cima julgava muito mais bonita e interessante do que eu. Pois é. “Been there, done that.” Chega até a ser clichê.
Muita gente já viveu mais ou menos a mesma história. Muita gente já viveu algo minimamente parecido e o que eu tenho a dizer se você conhece alguém que já passou ou está passando por isso é que POR FAVOR NÃO FERRE O PSICOLÓGICO DOS SEUS AMIGOS.
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Digo isso porque quando tudo aconteceu comigo, houve uma parcela de amigas minhas que na melhor das boas intenções adotaram uma postura que ferrava mais o meu psicológico do que sertanejo de arrastar chifre no asfalto: elas insistiam em me contar tudo o que acontecia e deixava de acontecer na vida dele, alimentar raiva e ódio no meu coração e inflamar maus sentimentos em mim inclusive contra a menina que ele estava namorando.
E sabe, eu sei que esse é o mais óbvio dos consolos. Falar que ele é um babaca, encontrar defeitos na namorada do cara, fazer piada pra ridicularizá-los, trazer informações privilegiadas sobre tudo o que acontece para dar a falsa sensação de controle… Tudo isso é um consolo bem fácil pra quem não está a fim de fazer esforço.
Tudo isso é muito mais fácil do que conscientizar a pessoa de que aquela relação não fazia sentido. Tudo isso é muito mais simples do que esclarecer que saber do que acontece na vida do outro é um baita veneno para quem precisa tocar a própria a vida. Tudo isso é bem menos complexo do que explicar que ela não está em competição com outra menina e que ficar repercutindo sobre isso só vai adiar a incrível oportunidade que ela tem de ser feliz pra caramba e seguir a vida.
Eu sei que essa é uma das tarefas mais difíceis quando se desempenha esse papel tão indigno de consolar um amigo de coração partido, mas alguém tem que encarar a difícil missão de colocar o pé no chão, falar alguns nãos, dar um basta no assunto e ajudá-lo a lidar com a realidade. Alguém tem que fazer o árduo trabalho limpo e coincidentemente ou não, esses – e somente esses – costumam ser aqueles. Os raríssimos amigos de verdade.
(Autora: Duda Costa)
(Fonte: eoh)
*Texto publicado com a autorização do administrador do site.
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