Causando grande revolta em movimentos ativistas e defensores dos animais ao redor do mundo, uma nova ‘moda’ para comemorar matrimônios consiste em soltar borboletas ao final do casamento.
Uma consultora de casamentos brasileira, chamada Cláudia Matarazzo, escrevendo para o canal ‘Blogs’, da Caras, realizou a denúncia em seu site oficial, relatando que a prática é muito comum e pouco divulgada. Ela relatou, em sua postagem: “Era uma noite linda em São Luís, no Maranhão onde, numa das casas mais bacanas da cidade, reuniram-se cerca de 200 profissionais de casamentos com cerca de 30 noivas. A ideia era trocar experiências e falar das novidades do mercado. Uma cerimonialista perguntou o que eu achava da moda de soltar borboletas na Igreja ao final do casamento. Já tinha ouvido falar desta coisa brega e ecologicamente criminosa, mas achava que fora um caso isolado. Engano meu: a moda continua – e com requintes de crueldade!”.
Segundo Cláudia, após conversar com muitas outras noivas e cerimonialistas do evento, que consistia em um encontro organizado pela ‘Class Eventos’ (que Claudia insiste em deixar claro não ter nenhum envolvimento com a prática, e sim, apenas com a reunião das noivas), e consultar informações da ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais) ela descobriu que centenas de borboletas chegam, normalmente, de Salvador, na Bahia, em pequenas caixas com furos, para ventilação. Durante o transporte, muitas delas morrem. “Como não é algo barato, as noivas exigem que elas sejam contadas e, para isso, é preciso abrir as caixas. E para que não voem, elas são colocadas por um certo tempo na geladeira, assim ‘desmaiam’ e podem ser contadas”, relatou ela.
Para piorar a situação, segundo Claudia, quando é preciso soltá-las, ao fim do casamento, elas não podem estar em seu estado normal, já que estavam desmaiadas. Assim, é preciso acordá-las rapidamente, batendo nas caixas de forma a assustá-las, provocando o voo.
Na maioria dos casos, os padres ou cerimonialistas não possuem conhecimento sobre a prática. “Às vezes eles estão, outras não. Porém naquele caso específico – sempre segundo o relato de minha colega – ele, em princípio, não concordou, cedendo depois ante a pressão da noiva contratante”,explicou.
Muitos comentários na internet sobre a denúncia de Cláudia Matarazzo, no entanto, mostram o contrário. Uma internauta comentou: “Infelizmente presenciei este horror em um casamento. É patético! Fiquei em choque ao ver os noivos se beijando e a cerimonialista tentando tirar as borboletas da caixa ao mesmo tempo, para não “perder o momento”. As borboletas estavam mortas já, então elas sacudiam muito as caixinhas. As crianças desesperadas para salvá-las e as pessoas pisando nelas”.
Além disso, segundo uma matéria publicada em 2012 pelo Portal R7, o Ibama deu a licença de funcionamento ao estabelecimento ‘Borboletário Encanto’, um dos criadouros que distribuem borboletas para todo o Brasil, para serem usadas em matrimônios. Segundo Sara Regina Tranhoz, dona do borboletário, a criação varia de acordo com os pedidos recebidos. Ela afirmou, na época, que os insetos eram enviados para todo o Brasil, utilizando o método da diapausa, uma espécie de hibernação dos insetos. “As borboletas são enviadas com a embalagem escolhida pelos noivos e com a documentação necessária. Para o transporte, elas são colocadas em caixas totalmente escuras e expostas a um processo de resfriamento, ou com uma pedra de gelo ou com o próprio ar condicionado, isso faz com que elas fiquem tranquilas e paradas até hora de serem soltas no evento”, relatou.
Segundo o biólogo e especialista em borboletas, Marcelo Duarte da Silva, do Museu de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo), a diapausa, apesar de ser um processo natural, apresenta riscos às borboletas quando há choque de temperaturas, justamente o que acontece para que elas sejam acordadas rapidamente. “Não soa biologicamente correto. Para mim, criar borboletas para soltar em casamentos é a mesma coisa que pegar um monte de macacos e soltar em eventos. Eu sou contra a prática”, opinou ele.
(Autor: Bruno Rizzato)
(Fonte: jornalciencia.com)
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