Eu tenho depressão.
Não tenho vergonha de lhe dizer isso. Estou doente.
Sim, está tudo na minha cabeça. Mas esse é um lugar de onde não posso fugir e não tenho onde me esconder. É tão real quanto qualquer doença que você possa nomear. Dizer-me para ‘superar isso’ e ame animar não adianta nada. Tentar me comparar com pessoas com doenças físicas não ajuda.
Você me diz que sou fraca. Mas eu não sou.
Eu não estou triste. Depressão não é uma tristeza. Eu estou sem esperança. Às vezes não consigo pensar, outras vezes tudo o que posso fazer é pensar em coisas que prefiro não pensar. Penso em tudo que deu errado, tudo que ainda está errado.
Eu acordo, embora às vezes nem tenha dormido. A ideia de viver um dia no mundo dói. Eu não quero encarar a realidade. Eu quero ficar na minha cama, em um casulo e fingir que estou seguro aqui. Quero dormir por anos, sonhando com uma vida em que sou verdadeiramente feliz. Eu quero ficar aqui e chorar.
Mas ainda me levanto.
Eu quero fugir de todos. Eu não quero falar com você. Não quero que você pergunte como estou, porque não tenho uma resposta para você. Eu não quero que você se preocupe comigo. Eu ainda me importo, mas não quero me importar. A própria ideia de me apaixonar ou fazer amigos me assusta. E se você for embora? E se você não entender? E se você me machucar de novo? Penso em todas as possibilidades que tenham um final terrível. E eu vivo através delas, de novo e de novo.
Mas eu ainda falo.
Eu quero parar. Não quero estudar ou trabalhar. Não porque eu sou preguiçoso. Não porque não tenho sonhos, confie em mim. Porque não acho que sejam reais. Acho que não consigo, e não tenho motivação para tentar. Vou dizer a mim mesma para me levantar, vou dizer a mim mesma que vou sorrir e ter um dia produtivo. Mas é difícil se motivar quando você não consegue sentir nada.
Mas ainda estou tentando.
Eu quero me divertir. Quero ir a uma festa, quero sorrir e contar piadas com meus amigos. Quero beijar e amar as pessoas, e me perder nos olhos de alguém. Quero jantar com minha família e contar histórias sobre o meu dia. Mas não posso enfrentá-los. Não consigo pintar um sorriso no rosto, porque algo não me deixa. Eu não posso te dizer o que, ou por que está acontecendo. Só que é, e dói. Às vezes não tenho um motivo real, não há nada para me parar. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.
Mas ainda estou aqui.
Eu fico acordada a noite toda, vendo o sol desaparecer e nascer de novo. Contar momentos, perceber que cada segundo é mais um que desperdicei. Sinto como se vivesse completamente sob uma nuvem negra, vendo todo mundo brincar sob a luz do sol. Então, há breves momentos que eu também posso brilhar. Momentos tão bonitos que mal posso acreditar. Naquele momento, saio da minha vida e sinto algo. Sinto tudo tão profundamente que até queima. É um sentimento tão diferente de completar o nada. Sorrio, planejo, vivo e amo.
Vivo por momentos assim, na esperança de que um dia eles sejam minha vida. Vou continuar, porque é a única coisa que resta a fazer.
Posso estar deprimida, mas não sou fraca.
(Fonte: thoughtcatalog.com)
*Texto traduzido e adaptado com exclusividade para o site Fãs da Psicanálise. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos.
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