Cotidiano

Por vezes vamos ao limite

Cuidar, pensar, projetar sonhos, quebrar a cara, aprender com os nãos e muitas vezes com a rejeição alheia não é tarefa fácil por mais que a gente se sinta capaz de tudo. Muita coisa poderíamos simplesmente ignorar ou fechar a porta para sempre.

Por vezes nos carregamos e vamos levando aquele resto de dor, vamos levando aquilo que o outro nos fez, que nos machucou, vamos criando um grande círculo vicioso de lamentações e dramas pessoais a troco de chamar a atenção como se tudo se resumisse à sombra do que ficou no passado, ou no excesso de vitimização para se fazer mais presente ou se tornar o centro das atenções pelo lado infantil ou de quem ainda não se acostumou com os altos e baixos da vida.

Muitas vezes chegamos ao limite porque estamos abarrotados de coisas que também já deveriam ter ido embora nos impedindo de filtrar emoções e prosseguir com o que temos em mãos. Não somos assim tão super-heróis, nem sempre somos assim tão receptivos e entregues o tempo todo.

Assumir a própria vida nos coloca muitas vezes em xeque-mate em decepções em transições que nem sempre conseguimos entender. Mesmo assim, por vezes nos sentimos vilões diante de todas as crises que enfrentamos e que muitas vezes não quisemos ao menos ceder nas pequenas coisas para aliviar outros cansaços outros sentimentos que só precisavam de um pouco de paz.

Por vezes somos grandes sonhadores que se perdem em ilusões passageiras e amores frios, que também se envolvem com tudo que nos traz o ápice da felicidade por vezes passageira. Assumir o próprio espaço por vezes parece complicado, mas precisa ser feito, ser mexido, remexido, modificado conforme as estações que pertencemos e aos momentos que transcendemos como pessoas falhas e também nem sempre perceptíveis.

Assumir o comando da vida é como segurar a rédea do coração ou afrouxar os sentimentos deixando que tudo escoe ou que se aprofunde conforme os próprios desejos. Muita coisa vem da maturidade espiritual, muita coisa vem das definições dos dias e do que levamos como grandes aprendizados.

Tudo está localizado no espaço, nos segundos, nos instantes que se misturam ao nosso cotidiano. É como trocar figurinhas com a vida sem querer se repetir no que não serve mais. É como aprender a ser livre sem querer segurar quem quer ir.

Deus nos concede muita coisa inclusive a Lei de Ação e Reação. Tudo é interceptado pelo alto. É preciso mais calma, ponderação e por vezes silêncio. A vida não se resume em contar em quem se deu melhor, e sim, em quem evoluiu e aproveitou as chances que foram dadas para cada aprimoramento pessoal.

(Imagem: Javier Cañada)

Sil Guidorizzi

Paulista, libriana. Escritora. Autora do Livro Amor Essência e Seus Encontros - Editora Penalux. Com seu jeito simples, enxerga a vida por um ângulo mais íntimo. Debruça-se sobre as palavras, e gosta de ser. Ser alguém que aqui veio para deixar um pouco de si com um muito de sensibilidade e imaginação em meio às coisas que escreve e sente. Deus a colocou onde deveria estar. Em meio às palavras, sensações e seus encantamentos. É colunista do site Fãs da Psicanálise

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