Saúde

Por que estamos ansiosos?

A ansiedade é o mal do século? Muita gente diz que sim, não é mesmo? Outros dizem que é a depressão. Mas os especialistas dizem que é a Esquizofrenia!

O que não torna a ansiedade generalizada (TAG) menos grave do que ela é hoje. Muita gente sofre desse mal e nem sabe. Grande parte dos pacientes não chegam no consultório de um psicólogo ou psiquiatra reclamando do assunto. Eles vão parar no médico!

São muitos os sintomas físicos, dentre os que vamos levando sem grandes preocupações, tais como: boca seca – essa que parece alergia e demora passar, mesmo sendo administrados antialérgicos – dores musculares, insônia, distúrbios alimentares, enxaquecas, falhas de memória…

Os mais graves acabam levando os pacientes a principalmente a especialistas de estômago e intestino, dentre as causas, estão intestino irritável e gastrite nervosa.

Mas qual a causa, de onde ela vem?
Uma questão de como lidamos com o tempo.
Imagina você planejar uma vida, anos de estudo, dedicação e espera. Imagina você enviar uma carta para o seu namorado, esperar meses por uma resposta, um namoro de 10 anos um casamento para uma vida toda?

Imagina você ser reconhecido logo após cada um dos seus feitos como se você já tivesse trilhado um bom caminho e isso fosse suficiente?

Estamos bem longe dessa realidade o caminho que a nossa sociedade tomou é um caminho totalmente diferenciado, na cultura que eu citei, a época dos nossos avós, havia muito descontentamento e frustração, como continuamos tendo ainda, mas eram feitos de um material diferente, todas essas coisas da vida eram construídas a longo prazo e a espera não costumava ser um problema.

As pessoas poderiam estar descontentes com suas vidas, porém eram resignadas. Não se lidava com tempo como se o tempo fosse um problema, para nós o tempo é um problema e cada um dos avanços que nós fizemos cada uma de nossas conquistas trouxe consigo o seu lado problemático, são questões sociais.

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Não quero dizer que a cultura anterior a nossa, menos afetada, era melhor para se viver. Não é isso! Essa é apenas uma comparação para ver como evoluímos e quais as consequências dessa evolução.

O tempo para nós passa mais rápido, nos sentimos velhos e atrasados! Há uma questão de psicologia e subjetividade, com que cada um de nós lida com isso, mas acho que todos concordam que não é fácil.

Se sentir produtivo e se sentir obsoleto, o paradoxo atual
Fato é que se podemos ir de um lugar a outro com tanta velocidade, se a nossa mensagem chega tão rápido ao outro lado do mundo, também aceleram-se as cobranças. Aumentamos as expectativas e pode ser que tenhamos diminuído muito a satisfação, afinal, mesmo que você estude anos, assim que terminar e pegar um diploma, surgem outras exigências. Talvez você sinta que algo que leva anos para fazer não vale mais a pena e perdemos nosso jeito de lidar com o tempo e com o reconhecimento.

A pior parte, é que a forma como o mercado de trabalho nos trata e as expectativas que o mundo externo deposita em nós, influencia nosso olhar sobre nós mesmos. E nós temos muito medo de nos tornarmos obsoletos, o medo do ser humano de ser esquecido de não ter feito nada, de não ter alcançado nada continua, o mesmo medo que era há milhares de anos atrás, só que agora, com aceleração gigantesca que vivemos, um pouco mais agravado.

A gente se cobra o tempo inteiro, mas isso não quer dizer que nos tornamos mais empenhados e produtivos, pelo contrário, o ansioso ele acaba procrastinando, porque ele não consegue se decidir, procrastina todas as coisas, exatamente por medo do fracasso.

Ele não pode fracassar de forma alguma e a única garantia total para não fracassar é não fazer nada. O ansioso procrastina e se sente culpado a todo momento, se cobra a todo momento, preocupa-se a todo instante e isso é o que adoece.

O ansioso é tão acelerado que a memória dele começa a falhar, ele não sabe em que concentrar, é tanta coisa! Geralmente as pessoas ansiosas se colocam milhares de tarefas, e quem faz tudo acaba não fazendo nada.

É um ciclo de cobrança, preocupação, procrastinação, insucesso e medo.

O diagnóstico e o tratamento

Sintomas:
NO DSM V (manual de diagnóstico), o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), é caracterizado por ansiedade e preocupação excessivas e crônicas relacionadas a diversas situações e atividade, que se apresenta na maioria dos dias, por pelo menos seis meses, relacionada a diversos eventos (p.ex. trabalho e desempenho escolar).

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– Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses e relacionada a inúmeros eventos ou atividades.
– A preocupação é difícil de controlar (pensamentos repetitivos).

A ansiedade e a preocupação estão associados a três (ou mais) dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns sintomas estando presente na maioria dos dias nos últimos seis meses):

• inquietação ou sensação de estar no limite;
• cansar-se facilmente;
• dificuldade de concentração;
irritabilidade;
• tensão muscular;
• distúrbios do sono (dificuldade de iniciar ou manter o sono e sensação sono não satisfatório).

Os sintomas físicos, preocupação ou ansiedade causam sofrimento clinicamente significante ou incapacidade em atividades sociais, ocupacionais ou outras.

O transtorno não pode ser atribuído a: uma condição médica geral, uso de substâncias ou outro transtorno mental*. Então, a partir desses critérios, é possível estabelecer um diagnóstico.

Tratamento

A terapia farmacológica hoje é altamente considerada, na maioria dos casos, juntamente com a terapia psicológica, a maior razão para isso, é que os casos já chegam ao consultório em situação agravada, mas claro que não se pode generalizar e dizer que todo tratamento da ansiedade vai exigir medicação.

No tratamento farmacológico, o psiquiatra receita a medicação baseado na avaliação feita do paciente, considerando o estágio da ansiedade, a interação com outras doenças, os sintomas mais recorrentes e se o tratamento será de longo prazo ou curto prazo.

Os pilares do tratamento são os antidepressivos (mesmo aprovados para o tratamento da depressão, estes aliviam os sintomas da ansiedade a longo prazo), os ansiolíticos, e os betabloqueadores (que diminuem a adrenalina).

O que influencia a escolha da medicação é principalmente os efeitos colaterais de cada uma e como isso vai afetar o quadro geral do paciente. E os efeitos colaterais são muitos, dependem de particularidade de cada organismo para reagir, por isso é um tratamento muito sério que exige bastante acompanhamento.

Terapia
Atualmente a terapia mais considerada no tratamento da ansiedade é a terapia comportamental, por ser uma terapia que faz com que o paciente enxergue rapidamente as consequências de suas escolhas em seu comportamento, mas toda terapia poderá ser de ajuda na melhora do quadro, desde que seja feita uma boa avaliação prévia para avaliar o quadro e como a terapia em questão poderá ajudar.

As vezes o que é muito bom nesse processo também, é se dar um tempo, quando estabelecemos um tempo para nós mesmos, é como se nosso sistema desse uma trégua.

E uma das mudanças de comportamento que precisamos definitivamente ter: é de conseguir enxergar nossos feitos, que os resultados que alcançamos a cada dia, não se percam nas cobranças.

Suas vitórias devem ser medidas de acordo com o bem-estar que você alcança, com mudanças e avanços, mesmo que pequenos, não com base em cobranças externas que desconsideram sua realidade individual, subjetividade e história de vida.

Mariana Sirah

Formada em Letras português/inglês pela PUC-GO. Goiana, formanda de Psicanálise. Trabalhando em Redação para Web no momento. Vinho e viagens resumem muito. Acima de tudo, eu escrevo! É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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