Encontramos palhaços em vários lugares, pelas grandes ou pequenas cidades, e a sua missão é linda: levar alegria aos corações. Na antiguidade, havia os bobos da corte que tinham como tarefa entreter os reis e os seus convidados.

O palhaço sempre levou alegria às pessoas, é só isso o que ele sabe fazer, e faz com maestria.

No entanto, é comum numa festa infantil, peça teatral, circo ou shopping vermos uma criança com medo de um palhaço. Mesmo que ele se aproxime sorridente e brincando, a maioria das crianças começam a chorar e gritar. Isso é bastante normal.

Os pais não devem ficar preocupados com essa atitude da criança, principalmente se elas têm entre 0 e 4 anos de idade. Todos nós temos medo do desconhecido e nessa faixa etária o medo é mais real.

Assim como há crianças com medo de palhaços também há as que têm medo de Papai Noel e sequer se aproximam dele para tirar a fotografia que o papai ou a mamãe tanto quer guardar de lembrança. Não adianta forçar o seu pequeno a sentar-se no colo do Papai Noel se ele não quer.

O melhor é deixá-lo à vontade e respeitar as suas emoções. As crianças têm medo de palhaços porque não sabem que por trás daquela peruca colorida, nariz redondo, boca pintada há um ser humano como outro qualquer que elas estão acostumadas a ver.

No mundo da imaginação, elas pensam que aquele ser é um desconhecido, algo estranho, que nunca foi visto antes e uma ameaça para o seu pequeno mundo infantil. Tudo o que é estranho causa dor para nós, isso não é diferente com as crianças.

O medo de palhaços é algo que se conhece no mundo psicológico como “coulrofobia”. É comum e isso ocorre, geralmente, em crianças e adultos que tiveram uma experiência traumática com palhaços ou personagens fantasiadas que escondem os seus rostos.

Claro é que algumas crianças ainda não tiveram nenhuma experiência desse tipo e ainda assim têm medo de palhaços, como explicar? O que já foi dito acima, ou seja, a criança rejeita o desconhecido, o que não é normal no seu mundo infantil, aquela peruca espalhafatosa, aquele estranho personagem rindo para ela, aquele sapato enorme no pé do palhaço é tudo diferente e novo à criança que se for forçada a aceitar tal situação acaba sofrendo uma experiência desagradável e criando um trauma que levará para o resto da sua vida.

O jeito é aceitar a reação dela e não se sentir envergonhado diante do seu medo.

Nenhuma criança deve ser forçada a gostar de palhaços ou de Papai Noel. Isso deve ocorrer de forma espontânea por parte da criança. Se ela apresentar qualquer resistência a ficar perto de um palhaço o melhor a fazer é levá-la para longe, para não criar o trauma que pode ser levado à vida adulta.

O medo na infância é natural, algo que vai passando ao longo dos anos de vivência do bebê. Cada criança tem o seu jeito de ser, a sua subjetividade que deve ser respeitada.

É preciso que a criança tenha sempre por perto alguém em que ela saiba que pode confiar, por isso cabe ao papai ou a mamãe nunca forçarem os seus filhos a perderem o medo dos palhaços. O medo é uma proteção que a criança cria em seu pequeno mundo diante do desconhecido.

Apesar do palhaço ou do Papai Noel serem vistos pelos familiares como algo engraçado e bonito que só faz bem à criança, para ela é diferente, aquela coisa com roupas espalhafatosas e rosto pintado significa uma ameaça ao seu mundo em formação, parecido com um monstro ou bicho-papão que pode atacá-la a qualquer momento. O melhor é ficar longe dela, pensa a criança.

Na cabecinha dos bebês que choram quando se aproximam de um palhaço é isso o que passa, o medo do estranho. Os bebês ainda não estão preparados para lidar sozinhos com novas experiências, precisam de pessoas em quem possam confiar, por isso quando veem um palhaço correm para os braços dos pais, chorando, com o coração acelerado e corpo trêmulo.

Enquanto a criança está construindo o seu pequeno mundo de experiências, cabe ao adulto ajudá-la nessa construção seja contando histórias sobre palhaços felizes, as boas ações do Papai Noel no Natal e mostrando-lhes que aquele estranho pode ser uma pessoa amada por elas, também.

Desde que nada seja colocado no mundo da criança sem sua permissão, pois isso é o que causa os traumas. O bebê tem emoções, pensa, sofre, tem medo, sonhos e se assusta com o que vê e toca. Ele precisa do seu tempo para se adaptar ao novo, por isso é bom respeitar as suas emoções e sentidos.

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Rosângela Trajano é licenciada e bacharel em Filosofia com mestrado em literatura, escritora, ilustradora e professora de filosofia para crianças. O que mais gosta de fazer é poetizar para crianças. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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