Comportamento

Para pensar e mudar de vida

Há bem pouco tempo foi publicado nos Estados Unidos um livro chamado The top five regrets of the dying (algo como “Os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais”) foi escrito por Bonnie Ware, uma enfermeira especializada em cuidar de pessoas próximas da morte.

Aproveite e ofereça a si mesmo uma chance de mudar também…

1. Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim

“À medida que a pessoa se dá conta das limitações e da progressão da doença, esse sentimento provoca uma necessidade de rever caminhos que escolheu para a sua vida, agora reavaliados com o filtro da morte”.

“É um sentimento muito frequente nessa fase. É como se, agora, pudessem entender que fizeram escolhas pelas outras pessoas. Na verdade, é uma atitude comum durante a vida. No geral, todos acabamos fazendo porque queremos ser amados e aceitos. O problema é quando deixamos de fazer as nossas próprias escolhas”

“Muitas pessoas reclamam de que trabalharam a vida toda e que não viveram tudo o que gostariam de ter vivido. Depois, com a aposentadoria, reclamam que é quando chegam as doenças e as dificuldades”.

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto

“Não é uma sensação que acontece somente com os doentes. Digo sempre que isso é um dilema da vida moderna. Todo mundo reclama da mesma coisa“ Mas o mais grave é quando se trabalha em algo que não se gosta. Quando a pessoa ganha dinheiro mas é infeliz no dia a dia é a conta muito difícil de acertar no fim da vida.

“Este sentimento fica mais grave no fim da vida porque sentem que não têm mais tempo, por exemplo, pra pedir demissão e recomeçar”.

3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos

“Quando estão próximas da morte as pessoas tendem a ficar mais verdadeiras. Caem as máscaras de medo e de vergonha e a vontade de agradar. O que é importa, nesta fase, é a sinceridade”,

“À medida que uma doença vai avançando, não é raro escutar que a pessoa fica mais carinhosa, mais doce”, diz. “A doença tira a sombra da defesa, da proteção de si mesmo, da vingança. No fim, as pessoas percebem que essas coisas nem sempre foram necessárias”.

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“A maior parte das pessoas não quer ser esquecida, quer ser lembrada por coisas boas. Nesses momentos finais querem dizer que amam, que gostam, querem pedir desculpas. Quando se dão conta da falta de tempo, querem dizer coisas boas para as pessoas”, explica.

4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos

“Nem sempre se tem histórias felizes com a própria família, mas com os amigos, sim. Os amigos são a família escolhida”, acredita a médica. “Ao lado dos amigos nós até vivemos fases difíceis, mas geralmente em uma relação de apoio”, explica.

“Não há nada de errado em ter uma família que não é legal. Muitas vezes existe muita culpa nessa relação. Por isso, quando se tem pouco tempo de vida, muitas vezes o paciente quer preencher a cabeça e o tempo com coisas significativas e especiais, como os amigos”.

“Dependendo da doença, existe grande mudança da aparência corporal. Muitos não querem receber visitas e demonstrar fraquezas e fragilidades. Nesse momento, precisam sentir que não vão ser julgados e essa sensação remete aos amigos”, afirma.

5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz

“Esse arrependimento é uma conseqüência das outras escolhas. É um resumo dos outros para alguém que abriu mão da própria felicidade”.

“Não é uma questão de ser egoísta, mas é importante para as pessoas ter um compromisso com a realização do que elas são e do que elas podem ser. Precisam descobrir do que são capazes, o seu papel no mundo e nas relações. A pessoa realizada se faz feliz e faz as pessoas que estão ao seu lado felizes também”, explica.

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“A minha experiência mostra que esse arrependimento é muito mais dolorido entre as pessoas que tiveram chance de mudar alguma coisa. Pacientes muito humildes, por exemplo, com pouca escolha, muitas vezes se desligam achando-se mais completos, mais em paz. Para quem teve oportunidade de fazer diferente e não fez geralmente é mais sofrido do ponto de vista existencial”, alerta.

6. Como esses arrependimentos podem me ajudar?

“O que fica bastante claro quando vejo histórias como essas é que as pessoas podem agir diferente enquanto têm vida e tempo para fazer escolhas”.

“Minha dica é a seguintes: se você pensa que faria diferente no futuro, talvez não deva fazer. Faça escolhas que te dêem orgulho”.

“Acho que livros como este podem ajudar as pessoas a viverem de uma forma melhor. Ele nos mostra que podemos fazer algo que gostaríamos de fazer antes que não tenhamos mais tempo”, conclui.

(Autora: Dra. Ana Claudia Quintana Arantes)

(Fonte: humanavida)

*Texto publicado com autorização da autora.

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