Raros são os amores que dispensam promessas, visto que raras são as pessoas que promessas dispensam. Ouso dizer que vivemos de promessas mais do que de amores. Talvez porque saibamos bem o que seja uma promessa e nela nos agarramos como uma certeza. Mas e o amor, qual a certeza de sabê-lo o que se é? Promessas visam aliviar-nos garantindo-nos amanhãs. E o amor, garante-nos o quê?
Um amor que se declare garantindo que amará amanhã, também é promessa.
Uma promessa que se declare garantindo que será a mesma amanhã, também pode ser amor.
Mas quando o amor não nos responde, o que ele é?
O amor quando não se reforça na promessa se fortalece no silêncio.
E quem sabe isto seja a maturidade daquele que aprendeu que as palavras são tão frágeis quanto os amanhãs, e saiba que os nossos caprichos e medos e boicotes são mais previsíveis do que queremos tanto prever, e saiba que os frutos virão amando-se desde agora a semente, e que a colheita não está em nada separada das raízes.
Raros são os amores sem necessidade de outra coisa senão o próprio amar: sem compromissos públicos na agenda, sem encontros marcados com as certezas, sem anúncios nas redes sociais e planos anunciados de férias e festas onde se espera se estar longe do fracasso de não ter sido aquilo que se prometeu.
Amar é verbo sem cobranças.
Amor sem promessa tem perfume de gratidão, perfumando-nos e, por consequência, perfumando o outro, sem esperarmos por isso.
Belíssimo texto.
Muita verdade e delicadeza nas palavras.
Parabéns!
Esse amor apresentado pelo seu belo texto é para os maduros que, talvez aprenderam que sentimentos não são troféus e nem precisam de bandeiras; as vezes apenas o silêncio de um olhar de cumplicidade, um sorriso e o amor poderá perdurar!