Entendeu?
Será que basta mesmo? Melhor ser um bom entendedor ou seria melhor que fôssemos bons explicadores? Existe uma corrente de pensamento, denominada minimalista. Ela diz: menos é mais. A expressão da subjetividade humana alcançou um nível tão sofisticado que hoje qualquer interpretação é válida. Desenho um círculo: para fulano é uma bola. Para ciclano, uma roda. Beltrano afirma que é um anel. A mente humana trama em média 70.000 pensamentos por dia. O número de associações mentais possíveis é difícil de dizer.
Mas o problema é que essa subjetividade que se utiliza de artifícios mínimos tem produzido uma falsa ideia de compreensão. Reconhecemos o objeto ou o estímulo que gerou o discurso, mas a interpretação em cada mente leva a ideias e pensamentos variados, e eventualmente antagônicos.
Um bom exemplo disso é o conteúdo gerado pela mídia. Muitas vezes, o significado atribuído não passa perto do pretendido, e a comunicação fica prejudicada. Não só perde em significado como pode ser causa de desentendimento, erros de interpretação e preconceito.
Leia Mais: Não explique demais. Tem gente que vai entender tudo errado de qualquer jeito
Quando lançamos uma ideia no ar, desde que aprovada, imediatamente concordamos com suas diversas interpretações. Aliás, até defendemos o direito a essa pluralidade de interpretações, receosos de sermos taxados de censuradores. Ser vago passou a ser sinônimo de cultura e inteligência.
Voltaire dizia: O segredo para aborrecer as pessoas consiste em dizer tudo. Isso explica em parte porque não estamos acostumados a dizer claramente o que pensamos, o que queremos. Mas o principal problema em exigir das pessoas o entendimento do todo com um mínimo de explicação é o mal entendido. A percepção extrapola os limites do fato real.
Não é possível que vou ter que dizer de novo? Vou ter que escrever para você entender? Insultos, preconceitos, desejos erroneamente interpretados, aconselhamentos errados. Para evitá-los, deve-se ter em mente que comunicação é muito mais do que se diz. Comunicação é acima de tudo o que os outros entendem.
(Autor: Leonardo Faria)
(Fonte: meucerebro)
*Texto publicado com a autorização da administração do site.