Não adianta querermos fugir aos olhos alheios, eles sempre estarão ali, à espreita, para nos julgar e, na maioria das vezes, condenar, assim que cometamos algum deslize, seja em casa, seja no trabalho, ou entre amigos.
Parece fazer parte da natureza humana a tendência de julgar e apontar as falhas das pessoas aos quatro ventos, ignorando tudo o que elas possuem de positivo.
Da mesma forma, costumamos supervalorizar aquilo de que não gostamos em nós mesmos, ao passo que nos esquecemos de prestar atenção em nossas qualidades, o que acaba contribuindo ao desequilíbrio de nossa autoestima.
Tomamos como parâmetro os modelos de perfeição estética que inundam a mídia, afastando-nos da necessidade de regarmos a nossa essência com os valores éticos e morais que devem nos sustentar.
Exatamente porque a sociedade cada vez mais se encontra atrelada ao consumismo, ao culto à forma física e à necessidade de visibilidade social, a superficialidade se torna a tônica que permeia todos os aspectos de nossas vidas.
Quanto mais se vislumbra o exterior, menos se enxerga o interior, aquilo que os olhos não veem, mas que é essencial nas relações humanas: o que cada um possui dentro de si.
Onde impera a futilidade, destaca-se a inveja, pois aí não há como entender que cada pessoa possui aquilo de que é merecedora, ou seja, iremos querer ter aquele tanto de forma igual, ou então que o outro perca o que possui.
Quando nos descuidamos de nossa essência, diminuímos nossa capacidade de admirar as conquistas alheias e de tentar chegar até ali a partir de nossos esforços, pois o imediatismo impera.
É por isso que existem chefes gritando nossas falhas, professores destacando tão somente nossos erros, colegas criticando nosso jeito de ser, pais repreendendo sem elogiar nada, anônimos atrás dos deslizes de famosos.
Tudo é superficial, tudo é material, tudo é mercadoria, ou seja, se lá fora não existe afetividade, cá dentro a humanidade esmorece aos poucos, tornando-nos cada vez mais frios, materialistas e incapazes de perceber que o outro possui sentimentos.
É preciso exercitar a capacidade de admirar o outro, enxergando nele qualidades, entendendo que somos humanos e, portanto, imperfeitos.
Todos erramos, todos possuímos falhas e são elas que nos ensinam a nos aprimorar, a nos tornar melhores.
Somente assim poderemos ver além das aparências, pois é justamente aquilo que não se vê com os olhos que torna as pessoas especiais. Porque todos somos feitos de amor. Porque todos precisamos amar as pessoas, em tudo o que trazem, por tudo o que fazem, pois é assim que também seremos amados.