Não é incomum que tentemos, em momentos de dificuldades ou em situações que demandam mudança de direção, que lancemos mão de uma estratégia já usada antes e, que havia dado certo. Se deu certo antes, dará certo novamente, é o que pensamos.
Só que não. Não dará certo, pelo menos não dará certo da maneira certa. Quero dizer que, fazer novamente o que antes foi bom, não quer dizer que será agora.
Nossa mente cria padrões desde o nosso nascimento. Quando o bebê sente fome, ele não sabe o que é fome, nem o que isso quer dizer nem como resolver isso. Ele faz a única coisa que ele tem à mão, chora; quer dizer, berra. A mãe aparece, um ceio grande e farto lhe enche a boca, a fome desaparece e, a sensação de bem estar que ele sentia antes da fome, retorna.
Ele não faz a menor ideia de como tudo se deu; nem por que ficou com fome, nem o que é fome, nem por que a mãe apareceu, nem como a fome desapareceu; mas na próxima vez em que a sensação fome voltar, ele irá berrar, pois deu resultado antes.
Com o tempo, ele irá berrar e a mãe não virá, ou não virá tão rápido quanto no início. E ele terá que conviver com o mal estar dessa demora; terá que lidar com o fato de que berrar não muda a situação; mais, vai ver que à medida que o tempo passa, a mãe estará cada vez menos disponível, ou pelo menos não no exato momento que ele quer. As coisas mudaram.
É assim em toda a nossa vida. Nossa mente está envolvida com um problema; ela se esforçará pra encontrar uma solução; a solução é encontrada, e somos tomados por uma sensação de bem estar.
Na próxima situação problemática, a mente nos seduzirá pra que façamos novamente aquilo que deu certo antes. A maioria das pessoas se deixará convencer pelo padrão anteriormente criado. Ocorre que agora nada acontece.
A pessoa age exatamente como fez antes, mas o resultado é muito aquém do que foi conseguido no passado. Antes, aquela ação destravou uma sequência de acontecimentos favoráveis; agora nada acontece, ou acontece, mas seu significado não tem mais importância.
Somos tomados por frustração, exatamente como o bebê, que ao berrar alucinadamente, não consegue que sua mãe apareça com o leite, pelo menos no momento que ele quer, que faria sua fome desaparecer.
Se olharmos por nossa casa, ou vida profissional, notaremos que toda ela está cheia de soluções que fomos encontrando e foram muito boas, mas que agora são apenas história material ou mental (decisões tomadas), de um passado que passou. Precisamos mudar.
Precisamos mudar, que é o mesmo que amadurecer; isto é, não dá pra continuar esperneando pela mãe que não vem mais. É hora de fazer um inventário de tudo aquilo que bloqueia a mudança: coisas, ideias, verdades superadas, pessoas, ambientes, maneira de agir.
Às vezes, ao mudar a maneira como você faz algo; já altera todo o resultado. Muitas vezes, ficar em silêncio ao invés de sempre ter uma frase pronta pra dizer, te colocará num ponto de vista completamente diferente, e obrigará as pessoas a olharem você de
outra maneira. Tem situações que o que se pede, é livrar-se de tudo aquilo que não tem mais serventia, e, embora tenha grande valor material ou sentimental, apenas ocupa espaço, retém memórias que devem ser esquecidas e, obriga ao um imenso gasto de energia psíquica.
É sinal de inteligência emocional, a capacidade de se lançar a novas atitudes, novas respostas, novas maneiras de ser e agir.
Não se esqueça, que o bebê só conseguiu tornar-se uma criança e comer sozinho no seu próprio prato, por que teve a inteligência emocional de lidar com a pressa, com a ansiedade, com o medo de morrer de fome, e confiou que a demora da sua mãe tinha alguma explicação, ainda que ele não soubesse qual era. Ou seja, berrar funcionou, mas aprender esperar, também.
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Seio ou veio da mãe?