Um novo estudo da universidade Dartmouth College, nos Estados Unidos, publicado na última semana no jornal inglês Daily Mail, sugere que jogos violentos no computador podem aumentar a chance de um jovem ter comportamentos de risco, como beber, fumar e fazer sexo sem proteção.
O trabalho avaliou 5 mil jovens durante quatro anos e mostrou que os fãs desse tipo de jogo tiveram comportamento mais agressivo, se envolveram mais em brigas, fugiram mais de casa e até cometeram mais furtos. Os jovens tinham entre 13 e 14 anos quando começaram a ser acompanhados. Quanto maior foi a frequência do uso dos games, maior o impacto.
Segundo o estudo, muitos jovens incorporam características dos personagens desses jogos. Por isso, têm mais dificuldade em lidar com os limites da vida real. Esses adolescentes buscam mais desafios e se expõem, propositalmente, a mais riscos, segundo a pesquisa. As mudanças de comportamento atingiram igualmente garotos e garotas.
Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Universidade Yale, nos EUA, contradizem parte dessa tese. A Universidade de Oxford publicou no jornal médico Pediatrics, da última semana, uma pesquisa sobre jogos feita com 5 mil jovens ingleses de 10 a 15 anos. Ela concluiu que jogar menos de uma hora por dia, games violentos ou não, pode trazer benefícios, como ajuste social e maior sensação de satisfação com a vida. A pesquisa inglesa, diferentemente da americana, afirma que o eventual impacto que o uso excessivo desses jogos pode ter para os jovens é pequeno quando comparado a questões como estrutura familiar, relações na escola ou falta de recursos econômicos ou sociais. Hoje, três em cada quatro jovens britânicos usam jogos eletrônicos diariamente. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na última semana, o presidente da Universidade Yale, Peter Salovey, disse que o uso moderado de tecnologia pode melhorar as interações sociais. Mas que, em excesso, afeta a capacidade do jovem em perceber emoções na expressão facial dos colegas. Todos esses estudos comprovam que a frequência faz diferença, como ocorre com a maior parte dos fatores que podem influenciar o comportamento.
Para terminar com mais uma notícia recente no campo das tecnologias, mães que delegam aos tablets a função de “cuidar” de seus bebês precisam ficar atentas. O Tech 21, estudo inglês feito com mais de 3.500 pais e também publicado no Daily Mail, mostrou que a primeira palavra que quase 10% das crianças falam não é mais “mamãe”, e sim “tablet”. Que tal?
(Autor: Jairo Bouer, médico formado pela USP, com residência em psiquiatria. Trabalha com comunicação e saúde)
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