Terapia

Orientações sobre o tratamento psicanalítico

O que é Psicanálise?
Este termo foi criado em 1896 por Sigmund Freud para nomear um tipo de psicoterapia cujo método consiste na exploração do inconsciente a partir da fala livre do paciente e de intervenções do psicanalista.

O que é o Inconsciente?
Principal conceito da teoria psicanalítica, consiste em uma instância ou “lugar” psíquico desconhecido pela consciência e ao qual esta não pode ter acesso se não por meio das manifestações do inconsciente: os sonhos, os esquecimentos, os atos falhos (ex.: trocar um nome por outro), etc. São conteúdos presentes em nós, mas dos quais a consciência não tem controle, o que levou Freud a dizer que não somos senhores em nossa própria morada.

Do que sofremos?
Sofremos de lembranças que não conseguem se constituir como passado e que continuam a minar o presente, como se fossem parasitas. Cada pessoa sofre por motivos e de jeitos diferentes, já que a história de cada um é escrita de modo singular, ainda que façamos parte de uma sociedade sem a qual sequer teríamos uma história a ser construída.

Freud dizia que os sujeitos sofrem de “reminiscências”, ou seja, sofrem de suas próprias histórias, de lembranças que fazem com que as pessoas repitam atitudes muitas vezes dolorosas, que as fazem sofrer, as quais elas não querem repetir, mas repetem e não sabem o porquê. Tais atitudes podem trazer uma depressão e prejudicar até mesmo o funcionamento do corpo. Não é à toa que uma dor de estômago pode ser causada pelo relacionamento ruim que se tem com o chefe, por exemplo.

Assim, os sintomas, para a psicanálise, são um mal-estar psíquico que sentimos e que podem estar presentes também no corpo (stress, ansiedade/angústia, pânico, anorexia, etc.). Então, os sintomas contam nossas histórias pessoais de sofrimento, por isso o psicanalista pede que o paciente fale.

Como funciona um tratamento psicanalítico? O que falar?
Regra fundamental da psicanálise: o paciente deve falar o que vier à cabeça, sem pré-julgamentos. Essa é a regra de livre associação de ideias, ao que uma das primeiras pacientes de Freud batizou como sendo “limpeza de chaminé”. Consiste em o paciente falar tudo o que estiver pensando sem se preocupar com o julgamento que o psicanalista possa fazer a respeito, afinal, ele não está ali para dizer o que é certo ou errado, o que o paciente deveria ou não fazer. É preciso que o paciente fale para que a mensagem trazida pelo sintoma possa ser decifrada, assim, o psicanalista não ataca o sintoma, mas sim busca entender suas causas.

Qual é o papel do psicanalista? Ele vai me dar conselhos, dizer o que eu devo fazer?
O trabalho do psicanalista consiste em reconduzir o paciente ao passado, mas não por meio de regressão ou hipnose, e sim por meio da recontagem da história, daquilo que o paciente sente como algo que se faz atual. Por isso o psicanalista não dá conselhos nem diz ao paciente o que deve ou não fazer, porque o mais importante do tratamento psicanalítico são as elaborações feitas pelo próprio paciente a respeito do mal-estar que sente.

O psicanalista interpreta fazendo perguntas e algumas afirmações que ajudam o paciente a entender e reescrever sua própria história. Algumas pessoas acham que o psicanalista não fala nada, mas, na verdade, ele está atento a tudo o que o paciente fala e somente se manifesta quando é necessário. Quem mais deve falar é o paciente. Além disso, o psicanalista não receita medicamentos, este é o papel atribuído ao Psiquiatra.

O que esperar de um tratamento psicanalítico?
Ele traz a diminuição do sofrimento psíquico por meio da reconstrução da história do paciente. Fazer análise é como pegar um quebra-cabeça guardado desde a infância para montar novamente. Mas um quebra-cabeça assim antigo terá algumas peças extraviadas, mesmo assim montamos, e a partir desses extravios reinventamos novas possibilidades. Ou passamos a vida a nos lamentar pelo que nos faz sofrer, ou nos tornamos escritores-inventores de nossa própria história.

Isloany Machado

Psicóloga clínica, psicanalista, membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano - Fórum do Campo Lacaniano de MS. Revisora de textos na Oficina do Texto. Especialista em Direitos Humanos pela UFGD e em Avessos Humanos pelo Ágora Instituto Lacaniano. Mestre em Psicologia pela UFMS. Despensadora da ciência e costuradora de palavras por opção. Autora dos livros Costurando Palavras: contos e crônicas (2012), Em defesa dos avessos humanos: crônicas psicanaliterárias (2014) e do romance Nau dos Amoucos (2017). Mãe do Adriano.

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  • Bem esclarecedor seu post! mas tenho a sensação a cada sessão de análise que vou que algibeira faltando ou que não me fiz entender é um vazio que por vezes me dá vontade não voltar mais porém continuo tentando.

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