Quando o rancor invade, a sensação não nos permite esquecer uma situação que ocorreu e pela qual nos sentimos doídos ou machucados. Todos já sentimos rancor alguma vez, mas a realidade é que trata-se de uma emoção não resolvida, por conta de uma situação que causou incômodo, mas que não foi enfrentada e por isso se prolongou.
Ter sentimentos de rancor é algo normal, somos humanos e, assim, imperfeitos. Sentir rancor faz parte de nosso jeito de ser, mas o que realmente não se deve permitir é que esse rancor fique arraigado na nossa mente, causando ainda mais dano do que causou a própria ação que gerou o rancor.
A pessoa rancorosa se acha dona da razão (“foi ele que começou!” ou “eu tenho o direito de estar com magoada!” ou “mentiu pra mim, então não presta!”). Consequentemente, se ela está na razão, a outra pessoa está errada. A conclusão é clara: o outro é culpado e quem é culpado tem de pagar. E o preço normalmente é a vingança de um dia descontar o mal (realmente ou supostamente) que sofreu. O rancor alimenta esse desejo de vingança e a pessoa aguarda por uma chance de “dar uma rasteira bem dada” na outra pessoa.
Vale refletir que somos responsáveis pela nossa vida e portanto pela própria felicidade, merecemos ser felizes. Todavia, ser feliz é uma escolha pessoal, você pode decidir se prefere continuar a viver com sentimentos negativos, como o rancor, ou se quer ser feliz desprezando -os, como uma concha que abriga uma pérola dentro de si.
Guardar rancor impede a pessoa de viver no presente, pois carrega-se sempre a carga infeliz do ocorrido, assim como a presença dos sentimentos gerados. É sempre bom ter cuidado com sentimentos negativos em geral. Claro que não devemos simplesmente rejeitá-los ou ignorá-los, mas devemos registrá-los e aceitá-los como parte de nós, seres humanos imperfeitos. Devemos sim observar esses sentimentos como uma maneira de nos conhecermos melhor, mas devemos também nos livrar deles o mais rápido possível, ao invés de carregar o rancor conosco diariamente, por anos ou uma vida inteira; essas coisas que nos fazem mal e até nos matam aos pouquinhos por dentro.
(Imagem: Maaike Nienhuis)