Existe um estereótipo de que a pessoa com depressão é aquela que não consegue sair da cama, que perdeu a vontade de viver. Mas, na verdade, a pessoa que vive uma rotina normal de vida e trabalho e até aparenta estar feliz também pode ser depressiva, ainda que ninguém perceba.
Trata-se de uma doença sorrateira, que se agrava aos poucos e, se não identificada, pode chegar ao ponto de incapacitar completamente o indivíduo e até matar.
A tristeza é um sentimento normal e primitivo do ser humano. Assim como a alegria ou a raiva. Mas o sinal de alerta deve apitar quando o mal-estar emocional não passa.
Acordar, passar o dia e dormir triste. Quem tem depressão enxerga a vida a partir de uma ótica diferente. Tudo o que acontece é encarado de uma maneira triste.
Se esse sentimento se manifesta durante quase todo o dia, todos os dias da semana e por um período mínimo de duas semanas, pode ser indício de quadro depressivo.
São 6 os tipos de depressão mais observados:
1. Depressão Endógena (orgânica). Pode ser decorrente do psíquico que afeta as sinapses, há algumas hipóteses sobre o efeito da depressão na função dos hormônios e no funcionamento do cérebro. Há especialistas que apontam para a queda da serotonina no órgão como a causadora da doença, que é o hormônio que regula o sono, o apetite, o humor. Ou ainda, como resposta aos efeitos de remédios que afetam a produção de serotonina no organismo: remédios para emagrecer, calmantes, ansiolíticos…
2. Depressão Aguda (situacional), decorrente da perda momentânea de provisão narcísica (segurança e reconhecimento), comum na vida de qualquer indivíduo diante de situações pontuais desagradáveis, como separação, morte de entes queridos, perda de emprego etc..
Está intimamente ligada à perda de objetos que foram eleitos, pelo indivíduo, como supridores de segurança e reconhecimento. Nestas situações, há um empobrecimento nas relações do indivíduo, seja com ele mesmo ou na relação com mundo que o cerca, é como se, momentaneamente, ele se tornasse vulnerável, frágil, parcialmente menos capaz, decorrente da perda do objeto eleito para fazê-lo feliz.
3. Depressão Crônica (cultivada há anos), a causa deste tipo de depressão está fortemente associada ao alto nível de recalcamento que, para ser mantido no inconsciente, necessita de constantes contra-investimentos, roubando libido e energia para a vida de relação (queda da auto-estima).
Ou seja, a pessoa tem um conflito psíquico que tá lá no inconsciente mas que como em todo conflito, a mente se esforça para resolver, mas o ego não quer saber de ouvir falar sobre esse conflito, então se esforça demais, gasta muita energia, para manter esse conflito guardadinho lá no inconsciente.
A apatia é um traço marcante neste tipo de depressão: falta vontade para quase tudo. Depressão de cura mais trabalhosa.
4. Depressão Crônica, presente em quase todas as neuroses. A necessidade de contra-investimento (aquela briga pra manter o conflito lá no inconsciente e longe do consciente) torna-se tão intensa que parte do núcleo patológico consegue escapar e avança sobre o pré-consciente, por que o ego já está mais fraquinho, tamanho esforço, forçando o Superego (o nosso censor, que censura nossas atitudes, também já foi dada aula sobre esse assunto) a deformar estes conteúdos, com o intuito de proteger o ego, ocorrendo a formação de sintoma.
Os efeitos desta depressão são mais intensos e prolongados, marcados por sentimentos de inferioridade, rejeição e auto-piedade. Em grau mais elevado é, de todos os sintomas, o mais terrível, no tormentoso estado da melancolia, no qual o indivíduo se nega a se relacionar com o mundo (falar, comer, tomar banho, fazer sexo, trabalhar etc.).
5. Depressão Crônica, presente nos estados borderline, quando não há energia suficiente para manter o conteúdo patológico, ainda que deformado, levando o ego a momentos de desligamento da realidade, aceitando as sugestões do id. Em função de medicamentos hoje disponíveis, o indivíduo consegue sair da total alienação, permanecendo ora psicótico (alienado da realidade), ora neurótico. É neste estado neurótico que podemos observar a depressão instalada e, pelo tratamento da neurose, tratar a depressão.
6. Ausência de Depressão, decorrente do quadro psicótico, quando o ego se desconecta da realidade e passa a viver alienado do mundo externo, seguindo apenas sua realidade psíquica. Após este desligamento, pode-se dizer que já não existe depressão, pois o ego “encontrou uma solução para seu problema” e não tem mais nenhuma necessidade de provisão externa.
Sintomas para prestar atenção e procurar ajuda:
• A produtividade tem queda gradual que, com o passar do tempo, se torna significativa.
• O estímulo para levantar da cama e fazer tarefas cotidianas já não é o mesmo.
• Por mais que haja reconhecimento no trabalho, a sensação interna não é de gratificação.
• Familiares e amigos podem notar certo desânimo.
• Mudanças de humor consideráveis e instáveis.
• Queda no desejo sexual.
• Alteração de apetite, tanto para mais ou para menos.
• Qualidade do sono prejudicada. Mesmo dormindo muito ou pouco, a sensação de cansaço é constante.
• Dificuldade de concentração.
• Sentimentos constantes como tristeza, desamparo, desesperança.
• Raiva e irritabilidade constantes.
• Falta de interesse em atividades e hobbies que uma vez já foram emocionantes.
• Dificuldade de tomar decisões por longos períodos de tempo.
• Isolamento social dos amigos, da família e do parceiro(a).
Se desconfiar estar com depressão, não pense duas vezes e procure um psiquiatra ou um psicoterapeuta.
*Este texto é parte integrante da temporada de inverno 2017 de aulas com Natthalia Paccola. Não pode ser reproduzido.
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Muito, muito bom!
Não entendi o item 6... A ausência de depressão está elencada como um tipo de depressão?
Ótimo texto!!! Realmente bem completo...
Muito boa a reportagem, um informativo de grande valor esclarecedor sobre a depressao !