Há certos momentos que temos vontade de colocar abaixo o que construímos até então, para recomeçar do zero, na chance de que desta vez as coisas saiam melhor.

Quando o desânimo proveniente de uma perda bate à porta, todas as nossas ilusões parecem perdidas, a fé se esconde em algum lugar em meio às ruínas à nossa volta; verificamos um certo desamparo e angustia onde tudo parece perdido, desfeito, irrecuperável, sem conserto ou sem remédio. A vida nos desafia com um belo xeque-mate.

No entanto, diante do “leite derramado”, do “cristal quebrado”, do quebra-cabeças que não encaixa mais, da peça que perdeu o sentido; onde tudo se desfez ou feneceu, não há muito que ser feito: é preciso se erguer, lutar e vencer.

A vida requer de nós esta coragem, esta força que brota em nossas veias, da resiliência que é esculpida com inúmeros golpes que a vida nos impõe. Golpes não causam somente cicatrizes, mas esculpem uma grande obra de arte na sua maior força e magnitude.

Existem perdas as quais realmente não antevemos nada de positivo, e estas podem ser difíceis de ser elaboradas, trabalhadas. A dor afetivo-emocional de cada um é algo muito subjetivo, nunca podendo ser valorada ou julgada.

Aprimorar-se com as dificuldades! Muito simples falar, mas em meio a uma crise, seja de que ordem for, o caos interno em um primeiro instante não nos deixa criar estratégias e soluções, ou até mesmo vislumbrar algo de positivo. Mas acredite: sempre há algum aspecto bom. Força e coragem! A vida é para os que não se entregam mesmo com todas as vulnerabilidades. E que estas sejam a nossa força. Portanto, afrontemos os problemas de cabeça erguida e sem perder a fé na vida.

Afinal de contas, muitas vezes a fé na vida é somente o que nos resta naquele exato momento!

(Imagem: Aziz Acharki)

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Psicóloga, escritora, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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