Por algum motivo, alguma razão ainda não muito conhecida pela ciência, alguns indivíduos possuem um grau de ansiedade extremamente elevado, fora do padrão considerado sadio. Eu me encaixo entre os 33% da população mundial que sofrem com a ansiedade generalizada e precisam administrar a doença em seu dia a dia. Mas dizem que na dor a gente aprende mais, não é? Assim tem sido comigo.
Com a ansiedade, aprendi que existem dois tipos de amigos. Aqueles que estão com você na mesa do bar e não fazem ideia da sua luta interna, e aqueles que convivem com a sua luta, torcem por você e até se divertem com suas confusões ansiosas na vida. Graças a Deus tenho conseguido ter os melhores amigos presentes, nos momentos de calmaria e de crise.
A ansiedade me mostrou que me cobro demais. Em absolutamente tudo. Decidi parar de fumar e não tenho tido o resultado esperado. Apenas diminui a quantidade de cigarros por dia. Só por este fato, por não conseguir parar definitivamente, tive uma crise de ansiedade.
Me cobro em relação à minha filha, meu trabalho, minha família, amigos. Não relaxo nunca. E a ansiedade me mostrou que preciso, urgentemente, fazer algo para mudar. Porque ela está sempre alerta, à espreita, esperando uma cobrança mínima para mostrar suas garras e me fazer tremer na base.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada me apontou que tenho duas pessoas diferentes dentro de mim. Não, não sou bipolar. Tenho desejos e vontades que me trazem momentos legais mas que passam e me deixam em um enorme vazio. Então precisei começar a decidir entre ter algumas horas boas e passar dias mal ou selecionar os momentos bons que realmente valem a pena viver para ter que agüentar os dias difíceis depois.
Aprendi que tenho uma enorme necessidade de me analisar internamente, conhecer absolutamente tudo sobre mim. É o que mais tenho feito nos últimos tempos. Venho contendo impulsos gerados pela ansiedade extrema, evitando situações que deixam os sintomas se instalarem. Tendo atitudes que me deixam em paz comigo mesma.
Percebi, através dessa auto-análise, que minha ansiedade prejudica todos os setores da minha vida, inclusive os relacionamentos. Sou ansiosa e não sou boa em ficar sozinha. Faço muitas besteiras neste setor. Algumas inofensivas e até divertidas. Outras que acabam bem mal. E eu termino me machucando muito ou machucando alguém.
Então aprendi que preciso aprender a ficar sozinha. Que sexo é maravilhoso mas não quero mais usá-lo sem envolvimento, só por estar ansiosa pra transar. Mesmo com o transtorno de ansiedade, eu gosto de mim pra caramba. Me acho muito legal e não quero, de maneira nenhuma, me sentir mais “aquela que é só pra transar”. É difícil, algumas vezes bate uma solidão gigantesca. Mas estamos aí para enfrentar e passar por isso.
A ansiedade me ensinou que por mais adultos e fortes que sejamos, existem pontos fracos que nos cercam. Que eu tenho o direito sim de muitas vezes chorar sem motivo aparente, de me isolar, me recolher para me fortalecer novamente. Aprendi que não posso ser forte o tempo todo e está tudo bem.
Tenho aprendido muito com você, ansiedade. Você me ensinou a me transformar internamente, quantas vezes forem necessárias. A cair e levantar sem muitos danos permanentes. A respirar mais pausadamente. A entender o que me faz ou não feliz. Já que temos que conviver, lado a lado, 24 horas por dia, que seja para que você me ensine a ser melhor a cada dia.
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