“Os livros não mudam o Mundo, quem muda o Mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas” – Mário Quintana –

Cada vez mais ignoramos o que está à volta e preferimos encher o pirão do ego primeiro. Vivemos isolados da violência, por isso os cliques nas tragédias jornalísticas são os mais acessados nos portais de notícias.

Muitos que vivem em áreas isoladas (condomínios, edifícios e até casas gradeadas com sistema de segurança e videomonitoramento) não representam talvez o verdadeiro polo oposto daqueles que vivem nas favelas e nas ruas?

Seriam duas classes? Não. Eles representam as duas faces da mesma moeda, os dois extremos.

Os primeiros não reconhecem os problemas na palma do nariz, mas querem dar opiniões a respeito de tudo.

Os segundos sofrem as consequências do descaso ou do próprio Gozo (entenda como quiser, porém é melhor pesquisar a noção em psicanálise) no qual sucumbiu.

Leia mais: A violência é uma doença contagiosa

O elo (perdido) entre estes dois sujeitos é, nada mais, que a hipocrisia.

É mais fácil fechar os olhos para os problemas da esquina e depois, para desencargo de consciência, financiar uma ONG de proteção ao meio ambiente. Nada contra, mas deveríamos fazer os dois.

“Sou eu, tal qual resultei de tudo” – escreve Fernando Pessoa. Uma caminhada única para encontrar no homem coletivo (referência ao contrário que Zizec chamou de homem global) um passo à frente. Uma leitura nova, um querer fazer pelo outro.

Não estou dizendo que muitos não fazem conscientemente. Alguns não sabem que querem ou estão alienados em seu próprio universo ideológico.

Podemos, finalmente, dizer que é permitido saber. Saber que meu vizinho tem um problema e comprometer-se plenamente a ajudá-lo.

Não espere chegar dentro da sua casa o que você ignorou por anos e que estava ao seu lado. Batendo à sua porta… Gradeada e com olho mágico.

Adianta ter tudo isso?

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Psicanalista; Especialista em Saúde Mental e Dependência Química; Mestre em Filosofia da Religião; Doutor em Psicologia (Dr.h.c); Doutorando em Psicanálise (Phd); Analista Didata da Escola Freudiana de Vitória (Acap); Ex-presidente e membro da Associação Psicanalítica do Estado do Espírito Santo (Apees); Coordenador do Centro Reviver de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas (Crepad); Membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL). É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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