Larry Brilliant diz que não tem uma bola de cristal. Mas há 14 anos, Brilliant, o epidemiologista que ajudou a erradicar a varíola, conversou com uma audiência do TED e descreveu como seria a próxima pandemia.
Detecção precoce e resposta rápida. Essas são as chaves para combater uma pandemia, de acordo com o epidemiologista Lawrence “Larry” Brilliant, um dos cientistas responsáveis por erradicar a varíola em 1980. Com sintomas iniciais semelhantes a uma gripe, progredindo para dores musculares e pústulas em todo o corpo, a doença causou cerca de 500 milhões de mortes ao longo do século 20.
Apesar de seus primeiros casos terem aparecido entre 4 mil e 3 mil anos atrás, o combate à varíola só tomou fôlego em 1967, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) organizou um programa de erradicação da doença e priorizou a vacinação contra ela. Naquele ano, 34 países apresentavam casos da doença. Já em 1970, eram apenas 18, incluindo o Brasil, somando quase 34 mil pacientes. Quatro anos mais tarde, apenas cinco países notificaram casos de varíola. Na Índia, no entanto, o número de infectados era de 188 mil.
Brilliant foi um dos médicos da OMS que fizeram parte da procura por pacientes da doença, que estava sendo subnotificada. Perguntando de casa em casa pelas ruas da Índia, o objetivo dos profissionais de sáude era identificar cada um dos casos de varíola existentes para, então, traçar um plano de imunização das pessoas que os cercavam. Mais de 150 mil profissionais trabalharam nesse sistema de vigilância para combater a infecção e, em 1977, foi diagnosticado o último caso de varíola no mundo. Em 1980, a OMS anunciou sua erradicação.
Quarenta anos depois, Brilliant está à frente da Ending Pandemics, uma organização sem fins lucrativos que busca evitar novas pandemias. Seu método se baseia na detecção precoce, verificação dos dados, conexão entre especialistas e medição atualizada da situação.
Seu trabalho voltou a chamar a atenção após o início da pandemia de Covid-19. O vídeo de uma palestra do TED Talks gravada em 2006 também viralizou entre internautas e a na mídia. Na ocasião, Brilliant menciona a previsão dos médicos sobre como seria a próxima pandemia da humanidade.
“[Epidemiologistas] acham que, se houvesse uma pandemia, um bilhão de pessoas adoeceriam. E 165 milhões de pessoas morreriam”, afirma em vídeo. “Haveria uma recessão e uma depressão global quando nosso sistema de produção just-in-time e o elástico apertado da globalização quebrassem; e o custo para nossa economia de um a três trilhões de dólares seria muito pior para todos do que meramente 100 milhões de pessoas morrendo, porque muito mais pessoas perderiam seus empregos e seus benefícios de saúde.”
O médico também menciona que “as conseqüências são quase impensáveis” e a transmissão seria facilitada por viagens. “Você pegaria um avião com 250 pessoas que você não conhece, tossindo e espirrando, se você soubesse que algumas delas podem portar uma doença que poderia te matar, para a qual não tivesse antiviral ou vacina?”, questionou na palestra.
No início de março, Brilliant foi entrevistado pela revista norte-americana Wired sobre as previsões mencionadas em sua apresentação feita há 14 anos. “Nos últimos 10 ou 15 anos, toda a comunidade epidemiológica avisou a todos que não se trata de ‘se’ teríamos uma pandemia como essa. Mas simplesmente ‘quando’. É realmente difícil fazer as pessoas ouvirem.”
Para o epidemiologista, governos não estão fazendo tudo o que está ao alcance para combater a pandemia. Durante a entrevista, Brilliant criticou a postura do presidente Donald Trump ao inicialmente considerar a doença uma invenção e a falta de testagem em larga escala para identificar casos de Covid-19. “Os testes fariam uma diferença mensurável. Deveríamos fazer uma amostra de probabilidade aleatória de processo estocástico do país para descobrir onde diabos o vírus realmente está”, afirmou.
Sem a testagem em larga escala, Brilliant acredita que o distanciamento social apenas adiará o número de novos casos. “Ao desacelerar ou achatar [a curva], não diminuiremos o número total de casos, adiaremos muitos deles até que recebamos uma vacina — o que faremos, porque não há nada na virologia que [sugira] que não receberemos uma vacina em 12 a 18 meses. Eventualmente, chegaremos ao círculo de ouro da epidemiologia.”
Este “círculo de ouro” ao qual Brilliant se refere significa que parte da população será imunizada após se recuperar da infecção e outra parte se imunizará através da vacina — assim é a imunidade de rebanho.
Segundo Brilliant, não há nada neste vírus que indique que seja possível uma reinfecção. “Há casos em que as pessoas pensam que conseguiram novamente, [mas] é mais provável que seja uma falha no teste do que uma reinfecção real.”
(Fonte: wired.com)
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