Quando você vê alguém espirrando, você sabe, reflexivamente, evitar os germes dele. Quando você observa alguém que está irritadiço, histriônico, é menos óbvio o que se pode fazer para se proteger. Estudos sugerem, no entanto, que o humor, especialmente o mau humor, dos outros pode ser tão fácil de se contrair quanto um resfriado.
Os psicólogos chamam esse fenômeno de contágio emocional, um processo de três etapas através do qual os sentimentos de uma pessoa são transferidos para outra pessoa.
O primeiro estágio envolve o mimetismo não-consciente, durante o qual os indivíduos sutilmente copiam os sinais não-verbais um do outro, incluindo postura, expressões faciais e movimentos. Com efeito, vendo uma carranca, você fica mais propenso a franzir a testa. As pessoas podem, então, experimentar uma fase de feedback – porque você franziu a testa, agora se sente triste.
Durante o estágio final do contágio, os indivíduos compartilham suas experiências até que suas emoções e comportamentos se tornem sincronizados. Assim, quando você encontra um colega de trabalho em um dia ruim, você pode inadvertidamente pegar os comportamentos não-verbais de seu colega e começar a se transformar em um estado infeliz. Mimetismo não é de todo ruim, no entanto; uma pessoa também pode adotar o bom humor de um amigo ou colega, o que pode ajudar a melhorar seu vínculo.
Embora o mimetismo muitas vezes ocorra fora da nossa consciência, às vezes podemos observá-lo. Vamos dizer que você vê alguém na sua frente a bocejar. Muitas vezes você não pode deixar de bocejar também. Pesquisas recentes sugerem que esse tipo de mimetismo é mais comum quando a pessoa que boceja é alguém próximo a você, como um membro da família, um bom amigo ou um parceiro romântico. Outro estudo revelou que o mimetismo não-consciente, também chamado de efeito camaleão, ocorre com mais frequência em pessoas mais empáticas.
A natureza contagiosa das emoções pode ser ampliada quando os indivíduos estão em contato frequente uns com os outros. Em um estudo, Lisa A. Neff, pesquisadora da Universidade do Texas, em Austin, e Benjamin R. Karney, da Universidade da Califórnia, examinaram mais de 150 casais durante três anos para determinar como o estresse de um dos cônjuges influencia o outro cônjuge e qualidade conjugal em geral.
Eles descobriram que as esposas e os esposos experimentaram menor satisfação conjugal quando seus parceiros são mau humorados, estressados e com isso o mau humor de um passa para o outro. Logo se tem um casal de mau humorados.
Mas o que pareceu mais preocupante, foi que os desarranjos emocionais foram agravados quando o casal se engajou em práticas de conflitos negativos, como rejeitar ou criticar o parceiro. Estes estudos enfatizam a importância de escolher sabiamente as pessoas e lugares que você mantém contato, para que você possa pegar o bom humor dos outros, ao invés de seu mau humor.
Fonte: scientificamerican.com
Este artigo foi originalmente publicado com o título “Is a bad mood contagious?” – Tradução e adaptação: Fãs da Psicanálise – Capa: Benjamin-R.-Karney, um dos pesquisadores
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