Quem disse que no amor há final ou mentiu ou se enganou, fosse para enganar a si mesmo e salvar-se da dor.
Ninguém está à salvo de um final que não acaba, vez que o amor continua sendo o que é, ainda que tenhamos deixado de ser o que éramos.
A verdade é que o fim nem sempre é o final, mas apenas doloroso e cansativo recomeço.
Obrigação dolorosa de impormos distâncias, abraçarmos a contragosto as ausências, lembrarmos do que se gostaria de esquecer, pois, mudamos do plural para um inevitável e apertado singular.
Cansativo porque abrimos mão dos planos, sonhos e cuidados colecionados ao longo da convivência: entre o que éramos e o que seremos, continuamos vivos mesmo depois de morrermos; vivendo precária existência a espera de nos sentirmos menos do que uma metade.
Ânsia angustiada para que voltemos às cores; para que o interesse nos desperte e que nada mais doa quando nos toquem.
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Que deixemos de nos sentir estrangeiros na própria vida, desconfortáveis em nós mesmos, quando qualquer luz ainda incomoda e cega, ao invés de ajudar-nos verdadeiramente a enxergar.
O que nos dói na morte mesma é que nem sempre morremos de amor; ficamos como intervalo entre o que sentimos e o que buscamos abandonar e dissolver, a um passo do abismo interior e da desordem emocional, carregando o gosto amargo e um peso no meio do peito, da alma, do caminho, imperceptível para os pedestres.
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O amor não nos pede justificativas para continuar sendo, independente de nós. Por isto doemos quando não mais se é, ainda que distante continue a ser.
Mentimos que há um fim para podermos novamente começar.
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